MPF/AM - Recursos têm que ser especificados na proposta orçamentária até 30 de setembro; promessas eleitorais não cumpridas podem configurar estelionato eleitoral
O Ministério Público Federal no Amazonas (MPF/AM) recomendou ao
governador José Melo (PROS) que inclua no orçamento do Estado recursos
para garantir o cumprimento dos compromissos referentes à área ambiental
assumidos durante a campanha eleitoral. Entre os deveres assumidos pelo
governador estão a regularização fundiária de unidades de conservação
estaduais e a melhoria da estrutura operacional e da capacidade de
gestão dos órgãos ambientais do Estado.
Os compromissos fazem parte de carta elaborada pelo Movimento Ficha
Verde, como parte da campanha “Queremos uma Agenda Socioambiental para o
Amazonas”, sobre temas prioritários para o meio ambiente e para a
qualidade de vida da população do Estado. Durante o período eleitoral, o
governador assinou a carta, na condição de candidato à reeleição,
comprometendo-se com as obrigações ali descritas.
O documento é composto de demandas e propostas estratégicas divididas
em quatro eixos principais, interligados entre si, que são o
fortalecimento dos órgãos responsáveis pela gestão ambiental e
territorial do Estado, a valorização da floresta em pé e da produção
sustentável, a melhoria da qualidade de vida nas áreas urbanas e o
fortalecimento da transversalidade da temática ambiental dentro de
outras Secretarias de Estado e nos municípios.
Além dos compromissos assumidos com a assinatura da carta, o
governador apresentou à sociedade amazonense o Plano de Governo para a
gestão de 2015 a 2018, traçando, especificamente, diretrizes e ações
políticas em prol da preservação ambiental do estado e do seu
desenvolvimento sustentável. Com uma estrutura administrativa deficiente
em órgãos estaduais que tratam da temática ambiental e sem recursos
orçamentários e financeiros dedicados à questão, o MPF alerta que os
compromissos assumidos com a assinatura da carta e no plano de governo
podem ser inviabilizados.
O MPF destaca ainda que os compromissos eleitorais assumidos possuem
caráter vinculante e o eventual descumprimento das propostas de governo
registradas durante a campanha pode configurar estelionato eleitoral.
Sobre esta questão, tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei nº
4523/2012, que pretende alterar o art. 171 do Código Penal para
tipificar o crime, com a justificativa de que esta conduta constitui o
mesmo tipo de fraude, só que em relação ao exercício da cidadania.
Proposta de orçamento deve ser enviada até 30 de setembro
– Para o cumprimento dos deveres assumidos, é necessário que os
recursos orçamentários específicos e suficientes sejam incluídos no
Plano Plurianual (PPA) e na Lei Orçamentária Anual 2016 (LOA). A LOA é
de iniciativa exclusiva do Poder Executivo e o projeto de lei deve ser
encaminhado à Assembleia Legislativa até 30 de setembro, devendo ser
votado até 15 de dezembro para ser aplicado no ano seguinte.
De acordo com a recomendação
do MPF, o governador José Melo deve incluir no PPA e na proposta de
orçamento a ser enviada para a Assembleia Legislativa os recursos
específicos para garantir o cumprimento da Agenda Socioambiental para o
Desenvolvimento Sustentável do Amazonas e do Plano de Governo para a
gestão de 2015 a 2018, referentes à área ambiental.
O MPF estabeleceu prazo de 30 dias para que o governador informe a
instituição sobre as providências adotadas em relação ao cumprimento da
recomendação, informando ponto a ponto os recursos incluídos no PPA e na
proposta de LOA, destinados a cada um dos compromissos referentes à
área ambiental assumidos na Agenda Socioambiental para o Desenvolvimento
Sustentável do Amazonas e no Plano de Governo para a gestão de 2015 a
2018.
Compromissos assumidos – Entre as obrigações
assumidas pelo governador José Melo, quando ainda candidato à reeleição,
ao assinar a carta do Movimento Ficha Verde, estão o dever de zelar
pela integridade das unidades de conservação do Amazonas, elaborando e
implementando os planos de gestão das unidades, e a regularização
fundiárias de, pelo menos, dez unidades de conservação estaduais por
ano, até contemplar todo o sistema estadual.
Comprometeu-se ainda com a realização de concurso público para
aumentar em, pelo menos, 50% o quadro técnico permanente do Instituto de
Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam); a utilização de tecnologias
avançadas e apropriadas para facilitar o monitoramento do uso da terra e
das florestas; a criação do Fundo Estadual de Compensação Ambiental; e a
definição, com a participação da sociedade, dos mecanismos para
viabilizar o pagamento de, no mínimo, 50% dos valores previstos para as
compensações ambientais, anualmente, nas unidades de conservação.
A geração de energia em bases renováveis em, pelo menos, dois
municípios do Estado por ano, visando à diversificação da matriz
energética; a criação de instrumentos jurídicos, administrativos e
financeiros para a implementação do programa “Municípios Verdes”,
incluindo a regulamentação do ICMS ecológico; e o atendimento a todas as
recomendações do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM),
divulgadas após auditorias operacionais e ambientais realizadas nos anos
de 2011 e 2012, para melhorar a estrutura operacional e a capacidade de
gestão dos órgãos ambientais do Poder Executivo do Estado, também estão
entre os compromissos assumidos pelo governador.
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