Meio ambiente e desigualdades socioeconómicas na
América Latina: Lineamento para agenda de investigação (Roberto Guimarães. Ibero-Americano Institut, Berlin, 2014).
Resumo Critico - Josenildo Santos de Souza[1]
O texto de 26 páginas é divido em
subtítulos: introdução; incremento das desigualdades econômicas; incremento das
desigualdades não-econômicas; padrões de consumo e incremento da brecha de
equidade; desigualdade, aprofundamento da pobreza e crise ambiental; O mito
(politicamente interessado) da escassez de recursos naturais; Uma agenda de
investigação sobre meio ambiente e desigualdade na América Latina.
O texto de Roberto Guimarães (2014)
publicado em espanhol, com o título Médio ambiente y desigualdades socioeconómicas
em América Latina: Lineamento para una agenda de investigación, mostra as
contribuições que se ocupam de sistematizar o estado da arte dos debates
teóricos e os acercamentos metodológicos que se hão produzidos sobre a relação
entre natureza e desigualdade:
“A superação dos atuais paradigmas de
desenvolvimento supõem que a crise de sustentabilidade revela o esgotamento de
um estilo de desenvolvimento ecologicamente depredador, socialmente perverso,
politicamente injusto e eticamente repulsivo.
Ademais, a proposta de desenvolvimento sustentável implica também o
protagonismo de justiça intergerencial em um debate acadêmico e na formulação
de políticas públicas. Esta postula que cada ser humano e cada geração devem
ter garantido seus direitos ao patrimônio ambiental, cultural e de recursos
econômicos e sociais já existentes para as gerações que nos hão precedidos”
(Guimarães, 2014, p. 113) (Tradução livre do autor).
Propõe um delineamento que supere o
excessivo foco de produção acadêmica atual das desigualdades socioeconômicas e
sua ênfase em questões limitadas ao contexto estatal. Sua proposta de agenda de
investigação se concentra em novos nexos existentes entre os desafios
ambientais e aprofundamento das desigualdades sociais na América Latina. O
autor explora os aspectos não econômicos da desigualdade. Nesse contexto, põe
em relevo as relações de interdependência transnacionais que se manifestam nas
diversas dimensões das desigualdades, incluindo a desigualdade socioambiental.
O autor aponta que devido as
mudança climáticas, aumenta o risco relacionados a demanda pelo acesso a água e
o aumento da população mundial. A degradação da terra pelo homem há produzido a
incapacidade de produzir alimentos suficiente aumentando os conflitos sociais,
vulnerabilidade socioambiental e migração em massa.
Guimarães mostra que a realidade de
muitos fenômenos associados a desigualdade transcendem a escala estatal, e não
só tem importância intrínseca para as ciências sociais, senão que possuem
implicações imediatas para a formulação de políticas públicas adequadas. Por
outra parte, uma perspectiva que tenha em conta as interdependências
transnacionais oferece uma aproximação diferenciada da complexidade das
relações sociais.
Uma
agenda de investigação sobre meio ambiente e desigualdade na América Latina
Para alcance dos objetivos da
agenda de investigação, Guimarães(2014) propõe, analisar os padrões de consumo
e sua crescente hegemonização inter-regional, entre outros aspectos, pelo
caráter integrador das variáveis que estão presentes nas tendências recentes em
matérias de desigualdade.
Fazer uso do padrão de consumo,
para Guimarães (2014), permite analisar processos contemporâneos chaves da
globalização, em especial as inter-relações entre a conformação de
desigualdades em os contextos nacionais e locais e o predomínio do capital
financeiro especulativo não vinculado a produção e, separado da economia real.
Assim mesmo, permite identificar os
atores transnacionais envolvidos nestes processos, cujas intervenções geraram
consequências estruturais na geração e aprofundamento das desigualdades atuais
na região.
As analises, reflexões e
comentários introdutórios elaborados por Roberto Guimarães (2014), permitiu-lhes
algumas linhas de investigação sobre o nexo meio ambiente-desigualdade, tendo
como ponto de partida o documento base do seminário CLASCO-CROP “Pobreza,
Ambiente e Cambio Climático”. No texto o autor sugere que
Guimarães (2014 p. 133-134), apresenta
de um modo muito esquemático, áreas temáticas prioritárias como componentes
para uma agenda de investigação sobre o meio ambiente e desigualdades
socioeconômicas na América latina:
Atualizar e generalizar para toda a
região estudos sobre padrões de consumo e sua distribuição entre distintos
grupos sociais. O que se busca é precisar os aspectos estruturais do consumo na
região e como ele impacta a pobreza, a distribuição do ingresso e os ativos
sociais, assim como o acesso aos recursos ambientais;
Identificação dos atuais padrões de
produção que se estão consolidados em nossos países, posto que ele há
condicionado as possibilidades de redução da pobreza, da desigualdade e da
vulnerabilidade socioambiental ante aos câmbios globais;
Estudos a respeito das implicações
do Regime Internacional de Comercio e dos esquemas de integração regional para
a estrutura produtiva de nossos países e para as possibilidades de políticas
econômicas que privilegiem o uso dos recursos ambientais da região para a
redução da pobreza e da desigualdade. Existem indícios e poucos estudos que
mostrem claramente, que as regras do comercio internacional, de propriedade
intelectual e de regulação econômica internacional estão condenando os países
da região a uma situação ainda mais desfavoráveis de periferia e de perda de
autonomia para definir projetos nacionais e includentes de desenvolvimento;
Do ponto de vista socioambiental,
fazem falta estudos que busquem identificar as áreas que já se conhecem serem
as mais afetadas pelo câmbios climáticos nos próximos anos e determinar a
vulnerabilidade socioambiental e ambiental de suas populações;
Com vista a geração de alternativas
de desenvolvimento, corresponde investigar as possibilidades reais de novos
padrões de crescimento econômico e de desenvolvimento tecnológico baseados na
exploração das chamadas vantagens
competitivas que oferecem os serviços ambientais e da biodiversidade na
maioria dos países da região. Ao que algumas economias, por exemplo, estão
dirigindo a resolver um desafio energético, que é característico dos países
ricos (como a situação do petróleo por biocombustível), enquanto desaproveitam
todo o potencial de geração de energia por fontes não-convencionais e
abundantes na região (como energia solar e eólica) deveriam ser causa de
profunda preocupação, antes que jubilo;
Fortalecer os estudos que
identifiquem alternativas de desenvolvimento local e comunitário que se hão
logrado a dar respostas a geração de ingresso e a conservação do meio ambiente,
embora a escala reduzida. Fortalecer institucionalmente e replicar tais
experiências se envolve um interesse estratégico. Analisar criticamente as
chamadas ações de responsabilidade socioambiental coorporativas;
Estudos críticos sobre as propostas
para superar o câmbio ambiental global, tais como o comercio de carbono, para
mitigar o câmbio climático, pouco analisado fora do âmbito econômico;
Estudos e análises da estrutura
institucional existente e os câmbios necessários que esta requer, para poder
enfrentar o crescimento da pobreza e das desigualdades aprofundadas pela
crescente vulnerabilidade ante as mudanças ambientais globais. (Guimarães,
2014, p. 133-134).
Roberto Guimarães, aponta que o
“fracasso em promover um enforque geral e políticas especificas de
desenvolvimento sustentável só podem conduzir a perpetuação da encruzilhada
atual da pobreza, da desigualdade e da degradação ambiental” (Guimarães, 2014,
p. 135) que mais cedo ou mais tarde todos pagaremos o preço da
irresponsabilidade social e ambiental. O recrudescimento da violência e do
terrorismo mostra e representa a ponta visível do iceberg do naufrago da globalização.
Referência:
GUIMARÃES, Roberto P. Medio ambiebte y desigualdades socioeconómicas em América Latina: Lineamento para agenda de investigación. Pág. 113- 138. In: GOBEL, Barbara; GÓNFORA-MERA, Manuel; ULLOA, Astrid. Desigualdades socioambientales em América Latina. Primeira edición. Universidad Nacional de Colômbia, 2014; Ibero-Americano Institut, Berlin, 2014.
[1]
Para citação da fonte: SOUZA, J.S. Graduado em Filosofia, especialista em Ética
(UFAM) e Mestre em Estudos Amazônicos (UNAL) – Linha de Investigação:
Desenvolvimento Regional Amazônico.