O reposicionamento estratégico da
participação da Amazônia no cenário nacional e internacional da Ciência,
Tecnologia e Inovação (CTI) foi a tese defendida pela reitora da UFAM,
professora Márcia Perales, na audiência pública promovida pela Câmara dos Deputados
sobre a situação das instituições de pesquisa da Amazônia brasileira. O evento
ocorreu no Plenário XV da Câmara dos Deputados, na quarta-feira, 19, em
Brasília e contou com a participação de representantes das Universidades
Federais do Pará e Acre, do Instituto de Pesquisa da Amazônia e da Fundação
Oswaldo Cruz.
A audiência foi proposta pelo
deputado Raimundo Angelim (PT - AC), membro da Comissão de Integração Nacional,
Desenvolvimento Regional e da Amazônia (Cindra) e presidida pela deputada Júlia
Marinho (PSC-PA), com o objetivo de fornecer informações aos parlamentares para
a criação de políticas públicas visando o desenvolvimento da Região.
Em sua exposição, a reitora da
UFAM apresentou a educação como fundamento para o desenvolvimento sustentável de
um país, por meio da articulação da Ciência, Tecnologia e Inovação (CTI). Para
tanto, defendeu que a educação precisa ser entendida como bem público,
prioridade nacional a todo o momento e propulsora do processo civilizatório. “E
nesse sentido, a pesquisa na Amazônia não pode ser desarticulada de redes de
CTI fortalecidas em âmbito nacional, regional e local”, disse, somando-se a
isso o maior apoio aos atores e instituições envolvidos para que haja melhor
desempenho em pesquisa na Amazônia.
A reitora argumentou ainda que a
Amazônia seja vista e tratada como prioridade nacional, com o estabelecimento
de ações integradas e de curto e médio prazos, ao invés de isoladas e de longo
período, como forma de efetivamente contribuir para que a região melhore seus indicadores.
“Ou a Amazônia passa a ser vista como estratégica para o desenvolvimento
sustentável e a soberania nacional, tendo como base a pesquisa e a inovação, ou
faremos audiências públicas, seminários, ano após ano e nada se resolverá.
Olhar para a Amazônia de forma diferenciada, não como igual, mas, com respeito
às diferenças, é uma decisão política. Se assim não o for, não teremos soluções
para o problema”, declarou.
Apresentando as dificuldades e os
desafios para o desenvolvimento da pesquisa científica na região, a gestora
apresentou aos parlamentares dados sobre os avanços obtidos pela Universidade,
mas também os obstáculos encontrados pela Instituição para promover a ciência
no Amazonas. A captação e fixação de recursos humanos qualificados, o fomento à
pesquisa, capacitação continuada e as telecomunicações foram indicados
principais desafios para a região na visão da gestora. “Nós temos avanços, mas
precisamos fazer mais, avançar mais. Porque nós não temos só diferenças
regionais, temos também as intrarregionais. E isso precisa ser trabalhado a
partir de uma política não fragmentada”, reiterou.
A reitora da UFAM ressaltou a importância
de se reconhecer e respeitar o “custo amazônico” em todos os processos
decisórios administrativos. “São alguns indicadores que precisam ser repensados
à luz de singularidades regionais. Nós temos trabalhado bastante a questão do
custo amazônico nos Fóruns. E isso tem sido levado mostrando que é necessário
um olhar diferenciado para o que não é, efetivamente, igual”, esclareceu a
reitora.
Após os debates, os deputados se
comprometeram em organizar uma Frente Parlamentar de Apoio à Amazônia e realizar
um seminário ampliado com a participação de instituições de CTI, parlamentares,
governos estaduais e federal e associações para debater investimentos em
pesquisa na região Amazônica.
CAPES cria GT para reduzir
assimetrias
A Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior (CAPES) criou um Grupo de Trabalho (GT) para
trabalhar em uma proposta de “redução das assimetrias” nas Instituições
Federais de Ensino Superior (IFES) da Amazônia. A proposta do GT foi feita pelo
Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação da Universidade Federal do Amazonas
(UFAM), professor Gilson Monteiro, e aceita, de imediato, pelo Diretor de
Programas e Bolsas no País, Márcio de Castro Silva Filho, que representava o
Diretor-presidente da CAPES, Carlos Nobre, ao final da reunião realizada em
Brasília, dia 18 de agosto, com o Fórum de Reitores das IFES da Amazônia, e
toda a diretoria da CAPES.
A audiência foi marcada pelo deputado federal Sibá
Machado (PT), começou às 9h30, com a presença de toda a direção da CAPES e os
reitores das IFES da Amazônia. A reitora da UFAM, Márcia Perales Mendes Silva,
esteve presente à reunião e ressaltou a importância de o custo amazônico ser
reconhecido e que as políticas para a pesquisa e a pós-graduação, na região,
sejam feitas de forma integrada.
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