quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Unesco: A educação como dispositivo central para o alcance dos objetivos de desenvolvimento global, precisará mudar de maneira substancial.



O novo Relatório de Monitoramento Global da Educação (Global Education Monitoring –GEM – Report) da UNESCO demonstra o grande potencial da educação para impulsionar o progresso rumo à conclusão de todos os objetivos globais delineados na nova Agenda de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas até 2030. O Relatório também indica que a educação precisa de uma grande transformação para atender a esse potencial e superar os atuais desafios enfrentados pela humanidade e pelo planeta.

A educação necessita urgentemente de mais avanços. De acordo com as atuais tendências mundiais, a universalidade da educação primária será alcançada apenas em 2042, do primeiro nível da educação secundária em 2059 e do segundo nível em 2084. Isso significa que o mundo estará meio século atrasado em relação ao prazo estipulado pelos ODS: 2030. 

O Relatório, Educação para Educação para as pessoas e o planeta: criar futuros sustentáveis para todos, demonstra a necessidade de que os sistemas de educação intensifiquem a atenção para os problemas ambientais. Ainda que na maioria dos países a educação seja o melhor indicador de conscientização sobre a mudança climática, metade dos currículos nacionais, em todo o mundo, não mencionam explicitamente a mudança climática em seus conteúdos. Nos países da OCDE, quase 40% dos estudantes de 15 anos de idade têm apenas conhecimento básico sobre temas ambientais. 

“Devemos mudar de maneira substancial a maneira como pensamos o papel da educação no desenvolvimento global, porque isso tem um impacto catalizador no bem-estar humano de indivíduos e no futuro de nosso planeta”, afirmou a diretora-geral da UNESCO, Irina Bokova. “Agora, mais do que nunca, a educação tem a responsabilidade de fomentar os tipos certos de valores e habilidades que nos levarão ao crescimento sustentável e inclusivo e à convivência pacífica”. 

Education systems must take care to protect and respect minority cultures and their associated languages, which contain vital information about the functioning of ecosystems. But the Report shows 40% of the global population are taught in a language they don’t understand. 

Os sistemas de educação precisam tomar cuidado para proteger culturas minoritárias e as linguagens associadas a elas. Essas culturas mantêm informações vitais sobre o funcionamento dos ecossistemas. No entanto, o relatório mostra que 40% da população global é ensinada em uma língua que não compreende. 

Os sistemas de educação precisam garantir às pessoas a oferta de habilidades vitais e conhecimentos que possam apoiar a transição para indústrias mais verdes, além de encontrar novas soluções para os problemas ambientais. Isso também requer que a educação continue além dos muros da escola, em comunidades e em ambientes de trabalho ao longo da vida adulta. Mesmo assim, dois terços de todos os adultos não são alfabetizados em questões financeiras, e somente 6% dos adultos dos países mais pobres do mundo participam de programas de alfabetização. 

“Se quisermos um planeta mais verde e futuros sustentáveis para todos, devemos exigir mais de nossos sistemas de educação do que somente uma transferência de conhecimento. Precisamos que nossas escolas e os programas de aprendizagem ao longo da vida foquem em perspectivas econômicas, ambientais e sociais que ajudem a criar cidadãos empoderados, críticos, conscientes e competentes”, disse Aaron Benavot, diretor do Relatório GEM. 

Também é urgentemente necessário que os sistemas de educação transmitam habilidades de alto nível alinhadas às demandas de economias em crescimento, nas quais conjuntos de habilidades para o trabalho têm mudado rapidamente, com muitas delas sendo automatizadas. De acordo com as tendências atuais, até 2020, haverá um déficit de 40 milhões de trabalhadores com educação terciária em relação à demanda. O Relatório demonstra que atingir a universalidade do segundo nível da educação secundária até 2030 em países de baixa renda é uma mudança vital, que tiraria 60 milhões de pessoas da pobreza até 2050. 

A desigualdade na educação, em conjunto com a vasta gama de disparidades, aumenta o risco de violência e conflito. Em 22 países da África Subsaariana, regiões com média educacional muito baixa tiveram 50% de chance de vivenciar conflitos em um período de 21 anos. O Relatório pede aos governos que comecem a levar a sério as desigualdades na educação, monitorando-as por meio de coleta de informações diretamente de famílias. 

O Relatório enfatiza que a nova agenda de desenvolvimento global pede aos ministros da Educação e a outros atores da educação que trabalhem em colaboração com outros setores e lista vários benefícios que podem surgir dessa forma de trabalho, incluindo: 
- Intervenções de saúde poderiam ser oferecidas nas escolas: estima-se que, se houver o fornecimento de tratamentos simples, como pílulas de micronutrientes nas escolas, seria um décimo do custo do fornecimento desse serviço por meio de unidades móveis de saúde.
- Escolas agrícolas poderiam ajudar a aumentar a produtividade das culturas em 12%, levando a aumentos sustentáveis na produção de alimentos.
- Na África Subsaariana, garantir às mulheres educação até o primeiro nível da educação secundária poderia prevenir a morte de 3,5 milhões de crianças entre 2050 e 2060.

Com informações do Portal da Unesco. 

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