Segundo o secretário da Semed, Humberto Michiles, a
formação contribui para preservar a diversidade cultural dos povos indígenas.
Manaus - Professores da rede municipal de educação, que
atuam em escolas e espaços culturais onde há alunos indígenas, estão
participando de formação para oferecer a alfabetização bilíngue. Nessas
unidades de ensino, o estudante indígena aprende a língua portuguesa e a língua
materna da etnia da qual pertence.
A capacitação, que teve início nesta terça-feira
(22) e segue até o próximo sábado (26), é oferecida a 22 professores da
Secretaria Municipal de Educação (Semed) que atendem mais de 439 estudantes de
quatro escolas indígenas e 19 espaços culturais da prefeitura.
A formação faz parte da ‘Ação Saberes Indígenas na
Escola’, realizada pela Semed, em parceria com a Secretaria de Educação Continuada,
Alfabetização, Diversidade Inclusão (Secadi), do Ministério da Educação (MEC),
e Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
Segundo o secretário da Semed, Humberto Michiles, a
formação contribui para preservar a diversidade cultural dos povos indígenas.
“A formação continuada dos nossos professores indígenas dará subsídio para que
eles possam alfabetizar nossas crianças de acordo com suas peculiaridades, com
suas culturas e seus hábitos. Não podemos perder de vista que o Amazonas é o
Estado com a maior diversidade étnica do planeta e é importante que a educação
respeite essa diversidade”, falou.
Módulos
A formação terá cinco módulos, um por mês até
outubro. As aulas irão abordar a alfabetização como eixo central e serão
ministradas por profissionais da Ufam. Ao final do curso, os professores
produzirão materiais didáticos como: cartilhas, vídeo-aula e livretos de
histórias infantis para utilizarem em sala de aula no processo de ensino e
aprendizagem nas aulas.
“Queremos formar professores de forma que possam
atuar interdisciplinarmente utilizando dos seus saberes tradicionais no
fortalecimento de suas culturas sem deixar de atender a educação normal”, disse
a gerente de Educação Escolar Indígena da Semed, Meire Lane Araújo.
O diretor da Escola Indígena Três Unidos, na
comunidade de mesmo nome, no Baixo Rio Negro, Raimundo Kambeba, destacou a
importância pedagógica da ‘Ação Saberes Indígenas na Escola’. Segundo ele, a
formação vai qualificar a construção dos projetos educacionais.
“Essa formação saberes indígenas vem melhorar
pedagogicamente o trabalho em sala de aula e ensinar como aproveitar o
conhecimento tradicional de cada povo”, disse o diretor.
A ação, instituída pelo MEC em 2013, visa promover
formação continuada a professores indígenas no processo de alfabetização,
respeitando a língua materna e os processos próprios de aprendizagem. É
objetivo também oferecer auxílio na elaboração de material didático
diferenciado. O Saberes Indígenas na Escola é uma ação do Programa Nacional dos
Territórios Etnoeducacionais.
Troca de experiência
A coordenadora do 'Projeto Quinta Habilidade',
desenvolvido pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), participou da
abertura da ‘Ação Saberes Indígenas na Escola’. Ela está em Manaus para ouvir
pesquisadores indígenas que atuam em São Gabriel da Cachoeira. A participação
da abertura da formação, segundo ela, serviu para conhecer as ações
educacionais indígenas de Manaus.
“Eu me sinto uma privilegiada em estar em Manaus no
momento de um evento tão importante e de conhecer o grande trabalho que esta
secretaria está desenvolvendo. Lá, no Espírito Santo, temos duas etnias, os
Tupiniquins, que perderam totalmente sua língua, e os Guaranis que preservaram
sua língua. Hoje, nosso trabalho é fortalecer a língua que se manteve e
resgatar a que foi perdida”, explicou.
http://www.d24am.com/amazonia/povos/professores-sao-capacitados-a-alfabetizacao-bilingue-para-indigenas/110772
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