Licenciaturas não formam professores profissionais,
afirma pesquisadora
Cristiane Capuchinho
Do UOL, em São Paulo
Do UOL, em São Paulo
A deficiência na
formação dos professores brasileiros vai além da falta de diploma. Mesmo os
professores que saem da faculdade com a habilitação para a docência não estão
recebendo formação adequada. "As licenciaturas não estão formando
professores profissionais", crava Bernadete Gatti, pesquisadora do assunto
pela Fundação Carlos Chagas.
"É um curso que foi encurtado e
que dentro das universidades não recebe a atenção que deveria ter. Parece que
qualquer um pode ser professor e não é qualquer um que pode ser
professor", afirma Gatti.
Para a especialista em formação
docente, a maioria dos cursos de licenciatura está muito longe da experiência
da sala de aula e se preocupa em dar apenas os conteúdos disciplinares que o
professor vai abordar em sala de aula.
"O professor tem que aprender a
gestão da sala de aula. Se ele tem que lidar com criancinha é uma coisa, se ele
está lindando com jovens é outra coisa", afirma. "Todas as profissões
têm seus métodos de trabalho: o engenheiro aprende a fazer os cálculos, o
professor deveria aprender a dar aula bem."
A falta de experiência prática
durante a formação é outro ponto de crítica. Hoje, a experiência dos estudantes
é cumprida em estágios obrigatórios. "Os estágios nas licenciaturas não
são avaliados, não são programados devidamente. Em geral, o estágio fica por
conta do aluno que vai encontrar um professor que tenha boa vontade de
recebê-lo. Ninguém sabe o que ele fez nesse estágio."
Valorização da carreira
Em outubro do ano passado, uma
pesquisa internacional mostrou que, entre 21 países, o Brasil fica em
penúltimo lugar em relação ao respeito e à valorização dos seus professores.
Com salários baixos, um dos problemas
é que a docência não atrai os jovens no ensino superior. Neste ano, o piso
nacional do professor foi fixado em R$ 1.697,39, para uma jornada
de 40 horas.
Mesmo entre os que decidiram seguir
carreira na sala de aula, a evasão da educação básica é cada vez maior. Insatisfação no
trabalho e desprestígio profissional são alguns dos motivos
apontados por quem prefere abandonar a sala de aula.
A formação e a valorização do
professor é uma das metas do PNE (Plano Nacional
de Educação), que está em discussão na Câmara dos Deputados.
http://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/educacao/2014/04/23/licenciaturas-nao-formam-professores-profissionais-afirma-pesquisadora.htm
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