Falta de
saneamento afeta educação e produtividade do país, diz estudo
País tem 35,5 milhões de casas
sem coleta de esgoto, aponta estimativa.
Brasil precisaria aplicar R$ 313 bi até 2033 para ter 100% de saneamento.
Brasil precisaria aplicar R$ 313 bi até 2033 para ter 100% de saneamento.
Eduardo Carvalho Do G1, em São Paulo
Estudo brasileiro divulgado nesta quarta-feira (19)
indica que a falta de saneamento básico nas cidades pode afetar a economia
nacional por reduzir a produtividade do trabalhador, impactar o aprendizado de
crianças e jovens, além de afastar o interesse turístico de regiões que sofrem
com o despejo de esgoto e ausência de água encanada.
A pesquisa sugere que a queda na eficiência de
trabalhadores e estudantes é causada por doenças provocadas pela ausência de
saneamento, como as infecções gastrointestinais, que levam a diarreia e vômito
– resultantes do consumo de água contaminada.
Segundo o relatório "Benefícios econômicos da
expansão do saneamento brasileiro", lançado nesta quarta-feira (19), essa
deficiência de infraestrutura influencia a posição do país nos principais
índices de desenvolvimento, como o de mortalidade infantil e longevidade da
população.
No contexto mundial, o país ocupa a 112ª posição num ranking de saneamento que engloba 200 países. A pontuação do Brasil no Índice de Desenvolvimento do Saneamento -- indicador que leva em consideração a cobertura por saneamento atual e sua evolução recente -- foi de 0,581 em 2011, inferior às médias da América do Norte e da Europa. O índice brasileiro também está abaixo do de países latino-americanos como Honduras (0,686) ou Argentina (0,667).
No contexto mundial, o país ocupa a 112ª posição num ranking de saneamento que engloba 200 países. A pontuação do Brasil no Índice de Desenvolvimento do Saneamento -- indicador que leva em consideração a cobertura por saneamento atual e sua evolução recente -- foi de 0,581 em 2011, inferior às médias da América do Norte e da Europa. O índice brasileiro também está abaixo do de países latino-americanos como Honduras (0,686) ou Argentina (0,667).
"Queremos mostrar que o saneamento traz também
outras formas de riqueza, como a geração de trabalho, evolução do turismo,
melhora na escolaridade e que a falta dele pode provocar uma crise de
produtividade", disse Édison Carlos, presidente-executivo do Instituto
Trata Brasil, um dos organizadores do documento com o Conselho Empresaria
Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável, o CEBDS.
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Crise econômica
O estudo estima que 14,3 milhões de moradias não têm água encanada e 35,5 milhões vivem sem coleta de esgoto. As informações são provenientes do cruzamento de dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, do Ministério das Cidades, e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O estudo estima que 14,3 milhões de moradias não têm água encanada e 35,5 milhões vivem sem coleta de esgoto. As informações são provenientes do cruzamento de dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, do Ministério das Cidades, e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o novo relatório, o Brasil precisa investir
pouco mais que R$ 313 bilhões até 2033 para que o saneamento básico alcance
100% da população.
Para exemplificar os danos que a ausência desses
serviços básicos podem causar à população, foram formuladas estatísticas baseadas
na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) e em outros levantamentos
do governo federal.
De acordo com a pesquisa, ausências no trabalho de
funcionários que tiveram sintomas de infecção gastrointestinal representam por
ano a perda de 849,5 mil dias de trabalho – baseado em dados de 2012, leva em
conta que, para cada afastamento por diarreia ou vômito, o trabalhador precisa
de três dias para se recuperar.
Estima-se que ao ano as empresas gastam R$ 1,11
bilhão em horas pagas não trabalhadas, dinheiro que, segundo o estudo, poderia
ser revertido em investimentos e contratações.
A análise apontou também que os trabalhadores sem
acesso à coleta de esgoto ganham salários, em média, 10,1% inferiores aos
daqueles com as mesmas condições de empregabilidade.
Para as organizações que elaboraram o levantamento,
a universalização dos serviços de água e esgoto reduziria em 23% o total de
dias de afastamento por diarreia e diminuiria o custo das empresas em R$ 258
milhões.
"Quisemos fazer correlações para ver como a
falta de saneamento impacta a vida do cidadão, mostrando os custos que temos
nas empresas e como isso impacta a produtividade do trabalho. Para conseguirmos
um país mais competitivo, temos que resolver esses problemas", disse
Marina Grossi, presidente do CEBDS.
Impacto na educação e no turismo
De acordo com o relatório, alunos sem acesso à coleta de esgoto e água tratada sofrem um atraso escolar maior em comparação com estudantes com as mesmas condições socioeconômicas, mas que moram em locais onde há saneamento.
A pesquisa aponta que a universalização do saneamento reduziria em 6,8% o atraso escolar, com reflexos no ganho de produtividade do trabalho e aumento na remuneração futura.
De acordo com o relatório, alunos sem acesso à coleta de esgoto e água tratada sofrem um atraso escolar maior em comparação com estudantes com as mesmas condições socioeconômicas, mas que moram em locais onde há saneamento.
A pesquisa aponta que a universalização do saneamento reduziria em 6,8% o atraso escolar, com reflexos no ganho de produtividade do trabalho e aumento na remuneração futura.
"A partir do momento que a pessoa fica doente,
ela se afasta do estudo. Isso tem consequência para a sociedade: se ela estuda
menos, seu desempenho no mercado de trabalho será pior e sua remuneração poderá
ser inferior em comparação com a dos demais", disse Fernando Garcia, um
dos autores do estudo e consultor do Trata Brasil.
Outro problema apontado é que o país poderia
arrecadar anualmente R$ 7,2 bilhões com atividades turísticas em áreas onde atualmente
não há serviços de coleta de esgoto e água encanada. O setor geraria 500 mil
postos de trabalho com o saneamento e valorização ambiental das áreas
beneficiadas.
"Não é à toa que países do Caribe e Oceania,
que dependem do turismo, têm saneamento total. Eles cuidaram dessas condições
para evitar essa perda de renda", explica Garcia.
Ele complementa dizendo que o governo "investe
metade do que deveria" por falta de capacitação humana, indispensável para
elaboração de projetos para as cidades. "Nós temos dinheiro para
universalizar o saneamento", conclui.
De acordo com o Ministério das Cidades, entre 2011
e 2014 foram investidos R$ 45 bilhões para a área de saneamento dentro do Plano
de Aceleração do Crescimento 2, o PAC.
http://g1.globo.com/economia/noticia/2014/03/falta-de-saneamento-afeta-educacao-e-produtividade-do-pais-diz-estudo.html
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