terça-feira, 13 de outubro de 2015

O FIM DO MUNDO NA AMAZÔNIA

Certa vez eu li um ensaio filosófico intitulado “O fim do mundo” do pensador de Koenisberg, Imannuel Kant em que ele diferenciava o termo “fim” em sua acepção de finalidade de sua acepção de término. 

Desde então, eu comecei a perceber o desleixo que nós outros brasileiros fazemos com o uso da língua portuguesa! 

Por isso, tem gente que pensa que o “fim do mundo” é qual um apagão geral no Universo. Não. Não é assim menino. Não existe esse apagão universal repentino. Conforme o cientista britânico Stephen Hawking, mesmo quando o Sol – nossa fonte de energia mór – apagar – e olha que ele vai apagar! – ainda vai levar oito minutos para a escuridão total tomar conta da Terra! 

O “fim do mundo” é expressão que designa os processos de devastação de estruturas naturais, sociais e existenciais constituídas. Quer dizer, o “fim do mundo” é a consequência letal que é sofrida por essas estruturas. 

Mas ninguém se iluda, não, porque – em certos casos o culpado pelo “fim do mundo” é o próprio homem. Também ninguém finja de santinho. 

Hipócritas não adentrarão aos Céus. Porque, ao fim e ao cabo, é ele o agente da devastação da natureza, da imundície jogada no meio ambiente, da extração da mata ciliar dos rios e igarapés, do assoreamento dos igarapés e, por fim, da própria morte dos rios e igarapés. Tudo sem contar com a queima da cobertura vegetal que envenena o ar que todos nós respiramos.

Sabe por que estou fazendo todo esse rodeio? Pra falar do maior dos problemas ambientais de Manaus. Qual seja a morte dos lagos, rios e igarapés que banhavam outrora a cidade de Manaus com as suas águas frias e límpidas. 

Foi assim que os igarapés de Educandos, do Franco, do Quarenta, do Mindu e outros que rodeavam a cidade viraram esgoto a céu aberto. 

Literalmente. 

Mas esses igarapés foram detonados ecologicamente em processo que se iniciou a abertura da cidade para receber a Zona Franca de Manaus e para sediar a instalação do Distrito Industrial. Tudo ocorreu a partir da década de 70. 

O “fim do mundo” na Amazônia não ocorre na forma de uma tragédia repentina com dimensões universais. Não. Essa tragédia amazônica acontece, de outro modo, como um envenenamento paulatino e constante das nascentes aquíferas. 

A poluição, o aterramento e o esgotamento das nascentes aquíferas representam, pois, o começo do “fim do mundo”. De fato, é isso que já ocorreu com os lagos, os rios e os igarapés acima mencionados.

Desgraçadamente, é isso que vem, também, ocorrendo com dois signos emblemáticos da cidade de Manaus. Trata-se dos igarapés do Tarumãzinho e da Ponte da Bolívia. 

Segundo o químico do INPA, Dr. Bringel, as águas poluídas desses igarapés alcançaram a condição de “péssima”. Pra bom entendedor significa que esses igarapés estão “mortos”. Ou “quase mortos”. 

Quem sabe até que esses pacientes pudessem se salvar de suas UTI,s! 

Mas contra todos os prognósticos, o SUS ecológico que poderia atender esses pacientes em estado de “urgência urgentíssima” não inspira nenhuma esperança de salvação. 

Em síntese, isso é o “fim do mundo” na Amazônia. É ou não é? Eis a questão. 

Aos cuidados do meu querido amigo, Professor José Ribamar Mitoso. 

LUIZ CARVALHO. O autor é filósofo e esteta. Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia na UFAM. Publicou o livro intitulado “Amazônia – Espectros de Globalização”. Manaus: EDUA, 2009.

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