Uma
pesquisa divulgada nesta segunda-feira (5) pelo Itaú Social e o Banco Mundial
aponta que as atividades do Programa Mais Educação, do MEC (Ministério da
Educação), não têm impacto a curto prazo nas notas das escolas em matemática,
português e nos índices de abandono.
O
estudo levou em consideração 600 escolas que aderiram ao programa em 2008 e
cerca de 2.000 que entraram em 2010. Os resultados dessas unidades, localizadas
em vários Estados do país, foram comparados aos de escolas com o mesmo perfil
(tamanho, estrutura, desempenho no Ideb etc.), mas que não realizam atividades
do Mais Educação.
O
desempenho dos alunos em matemática e português na Prova Brasil e os dados de
evasão foram medidos em 2009, 2011 e 2013. Os resultados mostram que as escolas
com o Mais Educação não tiveram melhores notas nem registraram queda no
abandono se comparadas às que não recebem verba do programa.
O
Mais Educação foi implantado em 2008 e repassa verbas para escolas interessadas
que atendam a uma série de requisitos, entre elas que tenham mais de 50% dos
alunos no Bolsa Família. As unidades que participam do programa oferecem, no
contraturno e de maneira não obrigatória, atividades de reforço escolar,
culturais, esportivas, de educação ambiental, de promoção à saúde, cultura
digital e de direitos humanos.
Para
Antonio Bara Bresolin, da Fundação Itaú Social, os dados da pesquisa são um
indicativo que melhorias devem ser feitas no programa, mas que não são
suficientes para avaliá-lo de modo completo. "De fato, é pouco tempo para
avaliar o impacto das atividades no desempenho dos alunos na Prova
Brasil", disse.
"Por
falta de dados, não conseguimos avaliar a efetividade do Mais Educação em
outros aspectos, como redução do trabalho infantil, da exploração sexual
infantil, e no desenvolvimento de competências socioemocionais", diz.
A
pesquisa também fez um estudo de caso em quatro redes municipais e duas
estaduais (DF e GO).
A
coordenadora do Cenpec, Maria Amábile Mansutti, afirmou que o estudo mostra que
o programa precisa olhar mais para a qualidade das atividades oferecidas.
"O
estudo de caso mostra que as escolha das atividades estão mais ligadas às
possibilidades da escola [de estrutura e pessoal] do que aos interesses dos
alunos", afirma. "Os monitores muitas vezes não dialogam com o resto
da escola. Mas o contraturno não pode ser um passatempo, tem que ser de fato
uma atividade pedagógica."
Procurado,
o MEC afirmou que o novo ministro da Educação, Aloizio Mercadante, definiu que
uma de suas prioridades é rever o Programa Mais Educação, "priorizando os
conteúdos com maior foco na melhoria do aprendizado, especialmente português e
matemática"
Marcelle Souza - UOL
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