Manaus - O 9º Anuário Brasileiro de
Segurança Pública, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP),
revela uma realidade de constante violência de alunos contra professores
e diretores. Ameaças, furtos, roubos com o emprego de violência e até
tentativas de assassinato estão entre as situações sofridas por
diretores e professores, no ambiente escolar, no Amazonas.
Segundo
o levantamento, o Amazonas é o 13º em atentado à vida de professores e o
14º à vida de diretores, com 107 e 27 casos, respectivamente, em 2014.
No
ano passado, 9,4% dos diretores do Amazonas tiveram objetos pessoais
furtados dentro da escola em que trabalhavam. Dos 6.228 gestores
amazonenses entrevistados, 121 afirmaram terem sido vítimas desse tipo
de crime.
Com 74 relatos, o equivalente a 5,8% dos entrevistados,
as ameaças foram o segundo crime mais praticado por alunos contra os
diretores. Em seguida estão os roubos com uso de violência, com 31
(2,4%) vítimas e as tentativas de homicídio, com 27 ocorrências (2,1%).
Assim
como os diretores, os professores também convivem com o medo e a
violência, em sala de aula. Dos 6.228 entrevistados, no ano passado, 418
(6,7%) tiveram pertences furtados por alunos; 373 (6%) sofreram ameaças
proferidas por estudantes; 107 (1,7%) quase foram assassinados; e 93
(1,5%) precisaram entregar objetos particulares a alunos, mediante
violência.
Para o secretário de patrimônio do Sindicato dos
Trabalhadores em Educação do Amazonas (Sinteam), professor Mauricélio
Campos, o principal obstáculo para o enfretamento da falta de segurança
nas escolas é a não evolução das denúncias levadas às secretarias de
educação. “A questão da segurança é muito complexa, pois as vezes a
denúncia não sai do âmbito escolar. Elas param na secretaria e não
evoluem”, afirma.
Professor da rede municipal e vítima de ameaças
praticadas por um aluno, em 2010, Campos afirma que devido ao medo
sentido pelos professores e diretores, a maioria dos casos de violência
ocorridos no ambiente escolar chegam ao conhecimento do sindicato de
maneira informal. “Quando acontece, o colega é encaminhado para a nossa
assessoria jurídica”, disse.
As escolas nas áreas vermelhas da
cidade costumam ser, de acordo com o secretário do Sinteam, os locais em
que os professores mais sofrem intimidações, sendo os alunos do Ensino
Médio os autores mais incidentes.
Segundo Campos, como
consequência da agressão e insegurança dentro de sala de aula, muitos
profissionais da educação acabam se afastando do trabalho, após o
desenvolvimento de distúrbios como sindrome de burnout e depressão, ou
até abandonando definitivamente a profissão.
“O número de
afastamentos por doença é muito grande na categoria, levando vários a
mudarem de área. E as secretarias não têm um setor específico para o
acompanhamento psicológico desses trabalhadores”, conta.
Ranking do AM mostra violência
Em
âmbito nacional, o Amazonas, empatado com Goiás é o 10º Estado com o
maior número de roubos a diretores. Em primeiro lugar está São Paulo
(126); seguido por Minas Gerais (86); Bahia (77); Maranhão (48); e Pará
(44). Os diretores do Estado são ainda os 14º do País que mais sofrem
tentativas de homicídio praticadas por alunos. Os paulistas ocupam o
topo da lista com 199 casos, seguidos pelos baianos (148); mineiros
(128); paranaenses (98); e maranhenses (69).
Em relação aos furtos
envolvendo os gestores, o Amazonas é o 15º com 121 casos. São Paulo com
680 ocorrências é o primeiro do País. As escolas de Minas Gerais são as
que apresentam o segundo maior número de furtos contra diretores, 634;
seguidas pelas da Bahia (366); Rio de Janeiro (280); e Paraná (278).
Quando
o alvo dos roubos com emprego de violência passa a ser os professores, o
Amazonas, no comparativo com os demais Estados brasileiros cai para a
11ª posição (31). São Paulo, com 495 casos mantém a liderança, seguido
pela Bahia (193); Minas Gerais (169); Pará (168); e Paraná (139).
Com
418 furtos, praticados pelos estudantes contra os próprios professores,
o Estado é o 12º do País neste tipo de crime, no ambiente escolar. Em
seguida vem São Paulo, com 2.635 ocorrências. Minas Gerais (1.058) e Rio
de Janeiro (810) ocupam o segundo e terceiro lugar, respectivamente.
Os
atentados contra a vida dos docentes alçaram o Amazonas à 13ª posição
no ranking nacional, com 107 casos. Em primeiro está São Paulo (880);
depois Minas Gerais (326); Bahia (319); Pará (241); e Paraná (227).
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