Uma equipe de pesquisadores da
Universidade do Suriname e de extrativistas dedicados aos estudos sobre
andiroba e à produção do óleo de sementes, desembarca em Macapá (AP) esta
semana para a primeira ação de intercâmbio com equipes técnicas e agroextrativistas
locais. A agenda faz parte do projeto de cooperação técnica entre a Embrapa e a
Universidade do Suriname, aprovado na Plataforma Marketplace de Inovação
Agropecuária.
Os visitantes conhecerão áreas de florestas de várzea, onde há
maior concentração de andirobeiras, a prática da extração mecânica e artesanal
do óleo, manterão contato direto com extratores locais e também participarão de
uma apresentação de resultados de pesquisas da Embrapa em ecologia, manejo e
produção do óleo de andiroba coletado no Amapá.
"Este projeto de cooperação
técnica internacional é focado no óleo da andiroba. A proposta é realizarmos
várias ações de intercâmbio, incluindo a extensão de nossa prática e
experiência no manejo e boas práticas para a extração do óleo da andiroba, e
também o conhecimento da realidade desta atividade no Suriname. Outra ação
importante do projeto serão os estudos específicos de caracterização detalhada
do óleo extraído na prensa e no método manual tradicional", explicou o
pesquisador da Embrapa Amapá, Marcelino Carneiro Guedes.
No Amapá, as principais
localidades de estudos das andirobeiras são as florestas de várzea da Área
Experimental de Fazendinha (APA) da Fazendinha, Campo Experimental da Embrapa
em Mazagão e Reserva Extrativista do Cajari, onde também há ocorrência em áreas
de terra firme. A programação da equipe do Suriname no Brasil iniciou pela
Embrapa Amazônia Oriental (Pará), onde foi realizada uma reunião para definir
os parâmetros e a quantidade de amostras do óleo de andiroba que devem ser
analisadas naquele centro de pesquisas, entre outras providências.
Na manhã
desta terça-feira, 15/9, os pesquisadores e produtores serão recebidos na
Embrapa Amapá, pelos gestores do centro de pesquisa e equipe técnica vinculada
ao projeto da cooperação técnica com a Universidade do Suriname. No período da
tarde, participarão de um seminário no Auditório Tucuju, da Embrapa Amapá, com
apresentação de resultados de estudos que abrangem desde o mapeamento,
fenologia e manejo das andirobeiras para uso múltiplo, estrutura diamétrica e
regeneração de andirobeiras na Área de Proteção Ambiental do distrito de
Fazendinha (Macapá/AP), monitoramento da produção de sementes e perdas
pelo ataque da broca-da-andiroba, boas práticas para extração do óleo de andiroba
e as diferenças do óleo tradicional e da prensa, passando pela nanoemulsão e
controle do mosquito da dengue com óleo de andiroba, e terminando com a
apresentação de dados referentes à pesquisa sobre o etnoconhecimento da
extração tradicional do óleo de andiroba na APA de Fazendinha.
"Serão
apresentações de estudos focados no manejo e na produção do óleo da andiroba,
realizados por bolsistas e pesquisadores. Também temos estudos sobre o ataque
da praga chamada broca-da-andiroba, que ataca a semente e, por isso, é
recomendado que a coleta seja realizada rapidamente. Caso contrário, pode
ocorrer perda de 50% da produção", enfatizou Guedes. A Embrapa Amapá já
publicou recomendações técnicas com relação à coleta da semente de andiroba.
A programação continua na
quarta-feira, 16/9, com uma visita de campo a comunidades extrativistas de
andirobeiras na APA de Fazendinha, Campo Experimental da Embrapa em Mazagão e
Ilha de Santana. Na quinta-feira, 17/9, pela manhã, será feita uma demonstração
de extração do óleo em duas prensas, em laboratórios da Embrapa Amapá, e no
período da tarde visita à Feira do Produtor, no bairro Buritizal, seguida de
visita a uma farmácia de fitoterápicos que comercializa produtos à base de óleo
de andiroba, em Macapá.
A agenda de trabalho será encerrada na sexta-feira,
18/9, com uma visita ao laboratórios fitoterápicos da Universidade Federal do
Amapá (Unifap) e do Instituto Estadual de Pesquisas Científicas e Tecnológicas
do Amapá (IEPA), no período da manhã, e reunião de avaliação e discussões
finais no período da tarde, no auditório da Embrapa.
ANDIROBA - A andirobeira é uma
árvore da floresta amazônica, com ocorrência em áreas do Brasil e do Suriname,
no escudo das Guianas. Onde houve intensa exploração de sua madeira, as árvores
mais grossas foram eliminadas, tornando importante a avaliação da estrutura das
populações atuais e do potencial de produção. De suas sementes extrai-se um
óleo com propriedades medicinais e cosméticas.
Os amazônidas têm usado esse
óleo para tratar várias enfermidades, mas o processo tradicional de extração
demora e tem baixo rendimento. Para minimizar esse problema, as indústrias de
cosméticos têm fomentado o uso de prensas. No entanto, há indicação que a
extração tradicional pode ser importante para a geração e manutenção das
substâncias terapêuticas. A caracterização detalhada de diferentes óleos, a
otimização da prensagem e armazenamento, a geração de tecnologias específicas
para mercados diferenciados e as técnicas de manejo da andiroba, podem fortalecer
a economia verde e a conservação da biodiversidade amazônica.
Ascom Embrapa
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