1 em cada 5 professores de 6° a 9° ano não fez
curso superior
Reprodução/UOL
Em 2013, 21,5% dos professores
brasileiros que davam aulas nos anos finais do ensino fundamental (6° ao 9° ano)
não fizeram ensino superior. Dos profissionais em sala de aula nessa fase de
ensino, 35,4% não são habilitados para dar aula --ou seja, não fizeram
licenciatura. Os dados são do Censo Escolar e foram compilados pela ONG Todos
pela Educação.
No ensino médio, 22,1% dos
professores brasileiros não fizeram licenciatura. São administradores,
advogados ou profissionais com alguma formação de ensino superior que estão na
escola dando aulas de física, química, matemática e educação física, entre
outras.
De acordo com a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional, todos os docentes de ensino fundamental e médio
deveriam ter diploma de ensino superior em pedagogia ou uma licenciatura para
estar em sala de aula. No entanto, o Brasil ainda não conseguiu superar o déficit de formação
do professorado.
"Não temos professores formados
em quantidade suficiente em várias áreas, principalmente em física, química,
artes. Os cursos se concentram nas grandes cidades, embora, os cursos
superiores de educação a distância estejam contribuindo com a formação de
professores em cidades do interior", aponta Bertha do Valle, pesquisadora
da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).
A dificuldade em encontrar
professores com formação adequada é um misto entre falta
de profissionais nos lugares em que são necessários, baixa atratividade da
profissão e dificuldades dos professores nas salas de aulas se especializarem.
Apesar da criação de programas de
incentivo à formação dos professores, como cursos de licenciatura a distância
da UAB (Universidade Aberta do Brasil) ou bolsas de curso superior específicas
para quem quer se tornar professor, especialistas consideram que ainda falta
uma política coordenada.
"Existe o curso, mas o professor
que está em sala não é liberado de suas aulas para fazer a licenciatura. Ele
tem que se desdobrar e nem sempre consegue fazer os dois, sobretudo em
municípios mais afastados", destaca Bernadete Gatti, que pesquisa a
formação docente na Fundação Carlos Chagas.
Valorização da carreira
Em outubro do ano passado, uma
pesquisa internacional mostrou que, entre 21 países, o Brasil fica em
penúltimo lugar em relação ao respeito e à valorização dos seus professores.
Com salários baixos, um dos problemas
é que a docência não atrai os jovens no ensino superior. Neste ano, o piso
nacional do professor foi fixado em R$ 1.697,39, para uma jornada
de 40 horas.
Mesmo entre os que decidiram seguir
carreira na sala de aula, a evasão da educação básica é cada vez maior. Insatisfação no trabalho
e desprestígio profissional são alguns dos motivos apontados por quem
prefere abandonar a sala de aula.
A formação e a valorização
do professor é uma das metas do PNE (Plano Nacional de Educação), que está em discussão na
Câmara dos Deputados.
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