O Centro Mundial para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas
(Centro RIO+) e a organização AIESEC promoveram na quarta-feira (15) no
Rio de Janeiro um debate sobre a importância da participação dos jovens
na busca pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) no âmbito
da Agenda 2030 das Nações Unidas.
No primeiro bloco dos debates, palestrantes destacaram a importância
do Brasil e o papel da juventude na conquista das
metas estabelecidas pela comunidade internacional, assim como o acesso
dos jovens às políticas públicas. No segundo bloco, trataram do
empoderamento jovem e de experiências práticas de engajamento.
Para a diretora adjunta do Centro RIO+, Layla Saad, a participação
da sociedade civil e, principalmente, da juventude nos objetivos da
Agenda 2030 é ‘’fundamental’’.
De acordo com a diretora, além de divulgar e sensibilizar essa
agenda de ação, é necessário saber encontrar os caminhos para que
realmente haja participação efetiva. Segundo Layla, usar manifestações
culturais e adotar a linguagem desses grupos é uma forma de abrir a
discussão para a participação da sociedade e não deixar ninguém de fora
do debate.
‘’É preciso elaborar estratégias e entender como influenciar de maneira decisiva essa participação ativa’’, declarou.
Layla também falou da iniciativa “EspacoODS”, plataforma virtual
que incentiva jovens a levar o tema da sustentabilidade para o cotidiano
e planejar coletivamente como implementar os Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável.
Para Michelle Elsaesser, voluntária jovem da ONU e uma
das organizadoras do evento, é essencial buscar espaços de discussão e
de reunião de jovens, pois a juventude brasileira é, muitas
vezes, excluída de processos políticos, especialmente quando se trata de
processos internacionais.
‘’É importante cada vez oferecer mais oportunidades para o jovem se
expressar, para ele ser incluído nos processos de implementação de
políticas públicas e na construção desses processos. Eventos como
este podem ser o primeiro passo’’, ressaltou.
Marcus Barão, consultor de projetos de desenvolvimento e membro
do Conselho Nacional de Juventude (CONJUVE), lembrou que o Brasil tem
uma das maiores populações jovens do mundo e mencionou o contexto da
realidade social brasileira.
‘’O jovem, por si só, já tem o papel de protagonista. Hoje, temos a
maior geração de jovens da história. São 1,8 bilhão no mundo, sendo o
Brasil o sétimo país com maior número de jovens. Isso coloca a juventude
justamente no papel de liderança’’, ressaltou.
No entanto, segundo Marcus, ao mesmo tempo que esse fenômeno
representa um potencial de transformação, os desafios em relação a essa
faixa etária da população são muitos, assim como a necessidade de
investimentos.
Cerca de 515 milhões de jovens no mundo ainda vivem em
vulnerabilidade social, com menos de 2 dólares por dia, e 60% nem
trabalham nem estudam. No Brasil, um quinto da população jovem está fora
da escola e do trabalho formal, segundo dados citados pelo palestrante.
‘’Essa mesma juventude pode ter o seu processo de liderança e
protagonismo na construção dessa agenda fragilizado se não
acontecerem investimentos fundamentais em saúde, educação sexual e
reprodutiva, educação primária e secundária e empregos decentes, para
que os jovens tenham capacidade e consigam aproveitar efetivamente
as oportunidades, disse Marcus.
‘’É especialmente importante que a sociedade civil
organizada compreenda o papel que tem dentro dessa agenda, se apropie
dela e consiga, não só disseminar, mas dar voz às iniciativas dos jovens
que já acontecem para a transformação da sociedade e para
o fortalecimento da juventude’’, completou.
Laura Nery, presidente da AIESEC no Rio de Janeiro, falou de
liderança jovem que, para ela, está relacionada ao protagonismo da
juventude, ao engajamento e à consciência social. A organização,
liderada por jovens, atua na promoção da paz, igualdade, tolerância e
bem-estar social.
’’Quando falamos de liderança da juventude, falamos de dar voz aos
jovens. A AIESEC, muitas vezes, é o primeiro canal que esses jovens têm
para se expor. E ainda há muitas vozes que temos de ajudar a falar,
dando o conhecimento, as ferramentas e a conexão com outras pessoas’’.
Segundo Laura, a AIESEC é uma das organizações que abraçou a causa
dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, contando atualmente com
cerca de 3 mil jovens voluntários.
Pedro Henrique Souza, vice-presidente da organização
ENACTUS CEFET/Rio, contribuiu com o debate ao tratar de como colocar em
prática o engajamento jovem, contando suas experiências em implementar
projetos que empoderam comunidades pelo estado do Rio.
Ao final do segundo bloco, o público, formado essencialmente por
jovens, se reuniu em grupos e debateu propostas para alguns dos temas
trazidos pelos palestrantes, tais como empoderamento e cidadania; acesso
às políticas públicas; redução das desigualdades e educação.
Algumas sugestões levantadas pelos jovens durante a dinâmica foram
foco na educação básica brasileira; criação de disciplinas que abordem
conceitos mais aplicáveis à vida prática, tais como educação política e
cidadã; mobilização de práticas mais sustentáveis, como separação do
lixo, reciclagem e outras; bem como acesso mais eficaz às políticas
públicas por parte dos jovens.
O evento ocorreu no auditório da Escola Nacional de Seguros, no Rio de Janeiro, e reuniu cerca de 100 pessoas.
MC Succo, do Observatório de Favelas, encerrou evento
O MC Succo, integrante do Observatório de Favelas e conselheiro da
juventude no Rio, encerrou o evento com uma participação artística,
apresentando raps de sua autoria. Para ele, o público jovem pode se
engajar mais no contexto da Agenda 2030, organizando-se coletivamente.
“A mobilização de indivíduos consegue engajar outros ao redor. Nesse
movimento, acho que as instituições do terceiro setor são parceiras que
possibilitam essa condução. Não se consegue uma ampliação da sua voz a
partir de um grupo ou alguns grupos. Esse movimento coletivo é super
importante. Sem ele, acho que algumas coisas não aconteceriam.’’
‘’O movimento dos jovens, nesse caso, é importante por causa do
vigor, mas também por causa da ideia e do domínio das novas mídias e
redes’’, concluiu.
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