segunda-feira, 20 de junho de 2016

Centro RIO+ e AIESEC promovem debate sobre participação dos jovens no desenvolvimento sustentável

ONU Brasil - Durante o evento, que reuniu cerca de 100 pessoas no Rio de Janeiro, palestrantes discutiram o papel da juventude frente às metas adotadas pela comunidade internacional para o desenvolvimento sustentável, o acesso dos jovens às políticas públicas, e apresentaram exemplos de liderança jovem..
Jovens são 11% da população do Brasil. Foto: AGECOM/Carol Garcia.
Brasil tem a sétima maior população de jovens. Foto: AGECOM/Carol Garcia.

O Centro Mundial para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (Centro RIO+) e a organização AIESEC promoveram na quarta-feira (15) no Rio de Janeiro um debate sobre a importância da participação dos jovens na busca pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) no âmbito da Agenda 2030 das Nações Unidas.

No primeiro bloco dos debates, palestrantes destacaram a importância do Brasil e o papel da juventude na conquista das metas estabelecidas pela comunidade internacional, assim como o acesso dos jovens às políticas públicas. No segundo bloco, trataram do empoderamento jovem e de experiências práticas de engajamento.

Para a diretora adjunta do Centro RIO+, Layla Saad, a participação da sociedade civil e, principalmente, da juventude nos objetivos da Agenda 2030 é ‘’fundamental’’.

De acordo com a diretora, além de divulgar e sensibilizar essa agenda de ação, é necessário saber encontrar os caminhos para que realmente haja participação efetiva. Segundo Layla, usar manifestações culturais e adotar a linguagem desses grupos é uma forma de abrir a discussão para a participação da sociedade e não deixar ninguém de fora do debate.
‘’É preciso elaborar estratégias e entender como influenciar de maneira decisiva essa participação ativa’’, declarou.

Layla também falou da iniciativa “EspacoODS”, plataforma virtual que incentiva jovens a levar o tema da sustentabilidade para o cotidiano e planejar coletivamente como implementar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.
Para Michelle Elsaesser, voluntária jovem da ONU e uma das organizadoras do evento, é essencial buscar espaços de discussão e de reunião de jovens, pois a juventude brasileira é, muitas vezes, excluída de processos políticos, especialmente quando se trata de processos internacionais.
‘’É importante cada vez oferecer mais oportunidades para o jovem se expressar, para ele ser incluído nos processos de implementação de políticas públicas e na construção desses processos. Eventos como este podem ser o primeiro passo’’, ressaltou.

Marcus Barão, consultor de projetos de desenvolvimento e membro do Conselho Nacional de Juventude (CONJUVE), lembrou que o Brasil tem uma das maiores populações jovens do mundo e mencionou o contexto da realidade social brasileira.
‘’O jovem, por si só, já tem o papel de protagonista. Hoje, temos a maior geração de jovens da história. São 1,8 bilhão no mundo, sendo o Brasil o sétimo país com maior número de jovens. Isso coloca a juventude justamente no papel de liderança’’, ressaltou.

No entanto, segundo Marcus, ao mesmo tempo que esse fenômeno representa um potencial de transformação, os desafios em relação a essa faixa etária da população são muitos, assim como a necessidade de investimentos.

Cerca de 515 milhões de jovens no mundo ainda vivem em vulnerabilidade social, com menos de 2 dólares por dia, e 60% nem trabalham nem estudam. No Brasil, um quinto da população jovem está fora da escola e do trabalho formal, segundo dados citados pelo palestrante.
‘’Essa mesma juventude pode ter o seu processo de liderança e protagonismo na construção dessa agenda fragilizado se não acontecerem investimentos fundamentais em saúde, educação sexual e reprodutiva, educação primária e secundária e empregos decentes, para que os jovens tenham capacidade e consigam aproveitar efetivamente as oportunidades, disse Marcus.

‘’É especialmente importante que a sociedade civil organizada compreenda o papel que tem dentro dessa agenda, se apropie dela e consiga, não só disseminar, mas dar voz às iniciativas dos jovens que já acontecem para a transformação da sociedade e para o fortalecimento da juventude’’, completou.
 
Laura Nery, presidente da AIESEC no Rio de Janeiro, falou de liderança jovem que, para ela, está relacionada ao protagonismo da juventude, ao engajamento e à consciência social. A organização, liderada por jovens, atua na promoção da paz, igualdade, tolerância e bem-estar social.

’’Quando falamos de liderança da juventude, falamos de dar voz aos jovens. A AIESEC, muitas vezes, é o primeiro canal que esses jovens têm para se expor. E ainda há muitas vozes que temos de ajudar a falar, dando o conhecimento, as ferramentas e a conexão com outras pessoas’’.
Segundo Laura, a AIESEC é uma das organizações que abraçou a causa dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, contando atualmente com cerca de 3 mil jovens voluntários.

Pedro Henrique Souza, vice-presidente da organização ENACTUS CEFET/Rio, contribuiu com o debate ao tratar de como colocar em prática o engajamento jovem, contando suas experiências em implementar projetos que empoderam comunidades pelo estado do Rio.
Ao final do segundo bloco, o público, formado essencialmente por jovens, se reuniu em grupos e debateu propostas para alguns dos temas trazidos pelos palestrantes, tais como empoderamento e cidadania; acesso às políticas públicas; redução das desigualdades e educação.

Algumas sugestões levantadas pelos jovens durante a dinâmica foram foco na educação básica brasileira; criação de disciplinas que abordem conceitos mais aplicáveis à vida prática, tais como educação política e cidadã; mobilização de práticas mais sustentáveis, como separação do lixo, reciclagem e outras; bem como acesso mais eficaz às políticas públicas por parte dos jovens.
O evento ocorreu no auditório da Escola Nacional de Seguros, no Rio de Janeiro, e reuniu cerca de 100 pessoas.

MC Succo, do Observatório de Favelas, encerrou evento

O MC Succo, integrante do Observatório de Favelas e conselheiro da juventude no Rio, encerrou o evento com uma participação artística, apresentando raps de sua autoria. Para ele, o público jovem pode se engajar mais no contexto da Agenda 2030, organizando-se coletivamente.

“A mobilização de indivíduos consegue engajar outros ao redor. Nesse movimento, acho que as instituições do terceiro setor são parceiras que possibilitam essa condução. Não se consegue uma ampliação da sua voz a partir de um grupo ou alguns grupos. Esse movimento coletivo é super importante. Sem ele, acho que algumas coisas não aconteceriam.’’
‘’O movimento dos jovens, nesse caso, é importante por causa do vigor, mas também por causa da ideia e do domínio das novas mídias e redes’’, concluiu.

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