Universitários
da área ambiental receberam na manhã desta quinta-feira (13), no
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC), informações
sobre meio ambiente e a problemática da situação dos rios e igarapés de
Manaus. O objetivo é capacitar os universitários para aplicação do
protocolo de avaliação rápida de mananciais (igarapés, rios e lagos),
que acontecerá na manhã desta sexta-feira (14), em Presidente Figueiredo
(distante 107 Km de Manaus), além de torná-los agentes ambientais.
A
atividade faz parte do curso “Água, responsabilidade de todos nós”,
voltado à gestão de recursos hídricos, ministrado pelo Grupo de Pesquisa
Recursos Hídricos em Ambientes Naturais e Impactados na Amazônia
(Rhania), vinculado à Coordenação de Dinâmica Ambiental (Cdam) do Inpa.
O
protocolo de avaliação rápida de rios é um questionário simples e pode
ser utilizado por qualquer pessoa para avaliar as condições do
ecossistema aquático. O questionário contém 15 variáveis e possui uma
pontuação estabelecida para avaliar o estado em que o ambiente se
encontra (normal, moderado ou impactado).
Segundo
a pesquisadora do Inpa e uma das integrantes do grupo Rhania, Maria do
Socorro Rocha da Silva, a ideia é divulgar o protocolo, porque é uma
ferramenta que poderá ajudar os agentes ligados ao meio ambiente e
tomadores de decisão a cuidar dos rios e igarapés. “Os interessados
podem procurar o grupo de pesquisa Rhania no Inpa, ou participar de um
curso como esse para conhecer as questões abordadas no questionário, e
ter informações sobre as bacias hidrográficas, esgotos, lançamento de
lixos nos igarapés e entender como isso afeta um curso d'água”,
explica.
A
aplicação do protocolo será realizada em três locais em Presidente
Figueiredo e será conduzida pela bolsista do Inpa, a química Elaine
Pires. Os alunos responderão um questionário em cada local e darão uma
pontuação para verificar se o ambiente está normal, moderado ou
impactado. Segundo Pires, o protocolo está sujeito a complementação e
adequações regionais e sofre modificações em cada ambiente onde é
aplicado.
Foi
adaptado para a região amazônica a partir de um trabalho feito pelo do
pesquisador Callisto, em 2002, no sudeste do Brasil e que utilizou 22
variáveis voltadas para a área biológica. O protocolo já foi testado em
diversos igarapés de Manaus, como no Parque do Mindu, Igarapé do
Gigante, no Igarapé do 40 com resultados satisfatórios.
“Trabalhamos
as variáveis, como a densidade populacional, a vegetação, a vida
aquática, o odor da água, diferente do que Callisto trabalhou, que
utilizou mais a parte visual. A diferença do protocolo adaptado para a
região amazônica difere do de pesquisador, porque foram trabalhadas as
características físico-química”, explica Pires.
De
acordo com a bolsista, o protocolo está sendo aperfeiçoado e em breve
se transformará em um aplicativo para ser utilizado no celular. “Dessa
forma, o protocolo terá uma amplitude maior, podendo inclusive ser usado
pelo poder público. Assim, mais pessoas poderão ter acesso a esta
ferramenta, ampliando o número de formadores de agentes ambientais”,
diz.
Durante
o curso, os participantes receberam informações da pesquisadora Ana
Rosa Tundis Vital, integrante do grupo Rhania, que repassou informações
sobre matas ciliares (que assim como os cílios dos olhos servem proteger
as margens dos igarapés).
Alerta
No
caso dos igarapés de Manaus, a pesquisadora diz que eles não existem
mais, porque foram cobertos para em cima construírem moradias. “A cidade
está sendo impermeabilizada com muitos prédios, com muito asfalto, com
menos vegetação, com menos área de absorção de água. Não sabemos como
esses igarapés vão responder com uma grande chuva ou cheia”, alerta a
pesquisadora. “Daqui a alguns anos, poderemos ter sérios problemas
quando esses igarapés começarem a “gritar”, com a subida dos seus níveis
de água e com entupimentos de esgotos, por causa do comprometimento
dessas construções que foram feitas em cima deles”, acrescenta Tundis.
Os
participantes também ouviram explicações do gestor ambiental, o técnico
da área de recursos hídricos do Inpa, Anthony Lopes, sobre a
importância da floresta amazônica em pé e como ela ajuda a formar os
rios “voadores” e que são importantes para ao clima no Brasil. A
floresta amazônica tem um papel essencial agindo como elemento
receptador de umidade. Ele mostrou que este fenômeno são pulsos de água
atmosféricos formados por massas de ar carregados de vapores de água e
muitas vezes acompanhados por nuvens e são movidos pelo vento.
“É
como se fosse uma estrada, cheias de curvas e retas. E essas correntes
de ar invisíveis passam por cima de nossas cabeças, carregando umidade
da bacia amazônica para as regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste”, explica
Lopes. “Essas umidades nas condições meteorológicas propícias, como uma
frente fria vinda do Sul, se transforma em chuva. É essa ação de
transporte de enorme quantidade de vapor de água pelas correntes aéreas
que recebe esse nome de rios voadores”,
Com informações da ASCOM/INPA
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