Pesquisadores,
técnicos, professores e agricultores reuniram-se no período entre 17 e
20 de outubro, na Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), para
participar da “Oficina de sensibilização sobre agroecologia e
estratégias de sistematização de experiências de transição
agroecológica” ou Puxirum Agroecológico. Puxirum é uma espécie de
mutirão em que agricultores se reúnem na roça, cujo objetivo é
encontrar solução para um problema. Nesse caso, a ideia é encontrar
soluções viáveis para agricultura familiar de base sustentável, na
região Oeste do Pará.
Coordenada pela pesquisadora Tatiana de Abreu Sá, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) da Amazônia Oriental,
a oficina debateu os princípios e conceitos da agroecologia, processos
de transição, caminhos para o avanço da agroecologia na região do baixo
Amazonas. Os participantes apresentaram relatos de experiências e as
oportunidades para a região. “A Amazônia é um território bastante
visível, onde temos tendência a pagar a importância e a riqueza das
experiências de agricultura familiar, ribeirinha e priorizar a
monocultura. Temos uma quantidade considerável de agricultores
inovadores que estão trilhando o caminho em direção à redução do uso de
agrotóxicos. Eles também estão tentando melhorar a economia da água. Uns
já estão tomando essas atitudes, outros estão querendo trilhar esse
caminho, porém precisam ser sensibilizados”.
O agricultor Antônio de Alves
Silva é um desses bons exemplos, dono de uma pequena propriedade na
comunidade Santos da Boa Fé, localizada às margens da PA 370, a Rodovia
Curuá-Una, que passa por dentro da cidade de Santarém. Ele afirma que
“por amor à vida e à família” não utiliza agrotóxicos em suas plantações
de macaxeira, milho, mudas de frutíferas, castanha-do-pará, banana,
abacate, pupunha, feijão, laranja, entre outras frutas. “Eu não uso
agrotóxicos, a minha produção é limpa. Tenho preferência pelo adubo
orgânico de gado, não uso nem esterco de galinha. Com isso, eu e minha
família estamos protegidos da contaminação”.
O engenheiro ambiental Adenauer Belling, da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater),
atua junto a pequenos produtores, ajudando a organizar a produção
orgânica na região. “Temos aqui algumas organizações de controle social:
uma forma de venda de produtos orgânicos, uma comissão
interinstitucional de produção orgânica, e estamos criando uma
associação de produtores orgânicos para que tenham uma força maior”. Ele
ressalta a importância do puxirum para fortalecer esse tipo de
atividade.
A coordenação da oficina é da
professora Patrícia Chaves que contou com o apoio do professor Elvislley
da Silva Chaves, do Instituto de Biodiversidade e Florestas (Ibef).
Ele destaca o papel da universidade no fortalecimento de práticas
agroecológicas na região. “A ideia é criar um núcleo de agroecologia na
região Oeste, que tem uma vocação agrícola que precisa – de alguma
forma – ser modificada com a adoção de novas formas de produção
acompanhada de uma alimentação saudável. A universidade, como um centro
de excelência no ensino, na pesquisa e na extensão, tem um papel de
definir e ajudar a desenvolver essa questão aqui na região”.
Núcleo Puxirum – Em
atividade desde março de 2015, o Núcleo Puxirum Agroecológico foi criado
pela Embrapa Amazônia Oriental para contribuir com o Plano Nacional de
Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo). Integra o projeto
“Sistemas agroecológicos, inovações tecnológicas e organizacionais:
processos de transição voltados à resiliência ambiental e social no
estado do Pará”, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq).
A oficina de sensibilização é uma
ação do Laboratório de Estudos de Ecossistemas Amazônicos (LEEA),
coordenado pela professora Patrícia Chaves (Ibef). O encerramento será
em campo. Dentro da programação desta quinta-feira, os participantes irão conhecer uma experiência de transição agroecológica na comunidade Santos da Boa Fé.
Comunicação/Ufopa
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