sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Puxirum agroecológico na universidade e no campo

Pesquisadores, técnicos, professores e agricultores reuniram-se no período entre 17 e 20 de outubro, na Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), para participar da “Oficina de sensibilização sobre agroecologia e estratégias de sistematização de experiências de transição agroecológica” ou Puxirum Agroecológico. Puxirum é uma espécie de mutirão em que agricultores se reúnem na roça, cujo objetivo é encontrar solução para um problema. Nesse caso, a ideia é encontrar soluções viáveis para agricultura familiar de base sustentável, na região Oeste do Pará.
Coordenada pela pesquisadora Tatiana de Abreu Sá, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) da Amazônia Oriental, a oficina debateu os princípios e conceitos da agroecologia, processos de transição, caminhos para o avanço da agroecologia na região do baixo Amazonas. Os participantes apresentaram relatos de experiências e as oportunidades para a região. “A Amazônia é um território bastante visível, onde temos tendência a pagar a importância e a riqueza das experiências de agricultura familiar, ribeirinha e priorizar a monocultura. Temos uma quantidade considerável de agricultores inovadores que estão trilhando o caminho em direção à redução do uso de agrotóxicos. Eles também estão tentando melhorar a economia da água. Uns já estão tomando essas atitudes, outros estão querendo trilhar esse caminho, porém precisam ser sensibilizados”.
O agricultor Antônio de Alves Silva é um desses bons exemplos, dono de uma pequena propriedade na comunidade Santos da Boa Fé, localizada às margens da PA 370, a Rodovia Curuá-Una, que passa por dentro da cidade de Santarém. Ele afirma que “por amor à vida e à família” não utiliza agrotóxicos em suas plantações de macaxeira, milho, mudas de frutíferas, castanha-do-pará, banana, abacate, pupunha, feijão, laranja, entre outras frutas. “Eu não uso agrotóxicos, a minha produção é limpa. Tenho preferência pelo adubo orgânico de gado, não uso nem esterco de galinha. Com isso, eu e minha família estamos protegidos da contaminação”.
O engenheiro ambiental Adenauer Belling, da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), atua junto a pequenos produtores, ajudando a organizar a produção orgânica na região. “Temos aqui algumas organizações de controle social: uma forma de venda de produtos orgânicos, uma comissão interinstitucional de produção orgânica, e estamos criando uma associação de produtores orgânicos para que tenham uma força maior”. Ele ressalta a importância do puxirum para fortalecer esse tipo de atividade.
A coordenação da oficina é da professora Patrícia Chaves que contou com o apoio do professor Elvislley da Silva Chaves, do Instituto de Biodiversidade e Florestas (Ibef). Ele  destaca o papel da universidade no fortalecimento de práticas agroecológicas na região. “A ideia é criar um núcleo de agroecologia na região Oeste, que tem uma vocação agrícola que precisa – de alguma forma – ser modificada com a adoção de novas formas de produção acompanhada de uma alimentação saudável. A universidade, como um centro de excelência no ensino, na pesquisa e na extensão, tem um papel de definir e ajudar a desenvolver essa questão aqui na região”.
Núcleo Puxirum – Em atividade desde março de 2015, o Núcleo Puxirum Agroecológico foi criado pela Embrapa Amazônia Oriental para contribuir com o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo). Integra  o projeto “Sistemas agroecológicos, inovações tecnológicas e organizacionais: processos de transição voltados à resiliência ambiental e social no estado do Pará”, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
A oficina de sensibilização é uma ação do Laboratório de Estudos de Ecossistemas Amazônicos (LEEA), coordenado pela professora Patrícia Chaves (Ibef). O encerramento será em campo. Dentro da programação desta quinta-feira, os participantes irão conhecer uma experiência de transição agroecológica na comunidade Santos da Boa Fé.
Comunicação/Ufopa

Nenhum comentário:

Postar um comentário