Subida e descida do rio ditam as regras dos estudantes no AM
A vida escolar de pelo
menos três mil alunos do Município do Careiro da Várzea (a 25
quilômetros de Manaus) é determinada pela subida e descida do rio
Solimões
Ele
embarca numa canoa para atravessar o lago e depois pega outra
embarcação até a comunidade de Curuçá, onde está localizada a Escola
Municipal Aldeney dos Santos. “Eu mesmo faço meu café e quando dá umas
4h30 saio de casa para esperar o motor”, conta, referindo-se ao barco
escolar regional, que apanha os alunos moradores de comunidades
distantes.
No
período da seca do rio, a rotina sofre mudanças, mas não é para melhor.
Além de quase três horas de trajeto fluvial, os estudantes andam pelo
menos um quilômetro em meio à lama e às plantações de milho e melancia.
“Quando o rio seca fica muito pior porque o barco não tem como encostar
na escola”, relata.
Na
porta da escola há três caixas d’água para que os alunos lavem os pés,
as mãos e as mochilas, que acabam ficando sujas quando eles escorregam.
O colégio também recebe alunos das comunidades do Curari, do lago do
Boto e da Boca do Janauacá. Todos, sem exceção, enfrentam dificuldades
para chegar a escola.
Com
isso, a evasão escolar por conta dos fenômenos da cheia e da seca é
grande e refletida, claramente, no Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica (Ideb): 3,3 para as séries iniciais e 3,4 para as
finais. Só da educação infantil, 325 alunos do município pararam de
estudar na seca deste ano.
Embora
muitos alunos desistam de estudar por causa da realidade diferenciada,
Gabriel conta, orgulhoso, que só falta aula quando está doente. “Eu
lamento por ter começado a estudar só com 10 anos, muito tarde. E por
isso não perco um dia de aula, seja na cheia ou na seca”
Fonte: acritica.com
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