Prestes a completar 30 anos de magistério, a professora Ruti Kniest
defendia, no início da carreira, que as escolas rurais, multisseriadas, sem
infraestrutura física e humana, deveriam ser fechadas, com a transferência dos
estudantes para escolas maiores, próximas à cidade. Após três décadas e
diferentes experiências profissionais, a professora pensa de forma diferente.
“Ao contrário, considero necessário que os órgãos públicos fortaleçam as
escolas e as comunidades com uma política séria de recursos físicos e humanos”,
enfatiza.
Desde 2013, Ruti leciona na Escola Municipal de Ensino Fundamental Etelvino
de Araújo Cruz, na área rural, a 30 quilômetros da sede do município gaúcho de
Montenegro. A opção da professora pela escola deve-se ao destaque obtido pela
unidade de ensino no processo de construção, resgate e valorização da
identidade cultural da comunidade na qual está inserida.
Com graduação em pedagogia, pós–graduação em gestão educacional (supervisão
e orientação) e vários cursos na área de alfabetização, Ruti trabalha com
turmas do primeiro ao terceiro ano do ensino fundamental. Para ela, a tarefa da
professora que atua com alunos dessas turmas é aproximar o conhecimento escolar
das vivências do mundo infantil.
“É estimular a criatividade, a curiosidade, a
alegria de conhecer coisas novas, mas também a possibilidade de valorizar os
conhecimentos e as vivências da comunidade”, diz. Ela enfatiza a necessidade de
estimular as crianças a conhecer e apreciar suas raízes. Quando forem adultas,
elas poderão olhar com orgulho para sua origem e sua história. “A cor e o sabor
das aulas dependem da nossa curiosidade em buscar”, afirma. “Em olhar para o
mundo que está a nossa volta, em nunca deixar de ter curiosidade e buscar
conhecimento.”
Ruti mostra satisfação ao trabalhar com duas colegas que foram suas alunas.
“São meninas do interior, que levaram os sonhos adiante, buscaram
aperfeiçoamento profissional em especializações e mestrado”, diz. “Hoje, voltam
para a sua localidade para continuar o ciclo de construir caminhos para aqueles
que vêm. Neste sentido é que tenho esperança no futuro.”
As crianças da área rural, hoje, segundo a professora, têm mais
possibilidades de avançar e escolher o local de atuação, na cidade ou no campo,
com respeito à própria história de vida. “É esse movimento que faz as gerações
evoluírem.”
Com informações Ascom Mec
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