domingo, 5 de julho de 2015

O FESTIVAL FOLCLÓRICO DE PARINTINS E OS PRÓXIMOS 50 ANOS.



O FESTIVAL FOLCLÓRICO DE PARINTINS E OS PRÓXIMOS 50 ANOS.
                                                                                                                    Josenildo Santos de Souza[1]

Os fundadores de Garantido e Caprichoso não imaginavam que a festa de boi-bumbá, ganharia além mar, as dimensões grandiosas do Festival Folclórico de Parintins. Os versos do poeta parintinense Chico da Silva “É boi, é boi, é boi-bumbá; Que me leva pra lá e pra cá” sintetizam bem o compasso e o bailado da festa, que em 2015, comemora 50 anos, meio século de festival. 

Mas o que planejaram os governos federal, estadual e municipal para pensar o festival daqui mais 50 anos? Nas três noites de festival, a cidade de 110 mil habitantes (IBGE), salta para uma população flutuante de 150 mil aproximadamente. Nesse sentido, o festival de Parintins ganha as dimensões do ponto de vista do desenvolvimento sustentável (Ignacy Sachs, 2002), porque afeta, pressiona e envolve as dimensões socioambiental, cultural, ecológica, territorial, econômica, política, institucional (local, regional, nacional e internacional). 

Faz-se necessário, defender o Festival Folclórico de Parintins, com o mesmo olhar e interesse que foi operado na prorrogação dos incentivos as empresas do Polo Industrial de Manaus. Já passa da hora de políticos, empresários, sociedade civil organizada e os governos, por meio dos ministérios e das secretarias iniciarem um processo de organização de grupos de trabalhos para pensar o Festival folclórico nos próximos 50 anos, que possa transferir os benefícios da festa, como uma forma de melhorar a qualidade de vida e bem estar social a atual e futuras gerações.  

Quando falamos nas dimensões do desenvolvimento sustentável acima referido, pensamos em sua abordagem prática de participação da sociedade nas decisões que afetam a sua vida, na medida em que se propõe uma maior participação das comunidades nos rumos do desenvolvimento local do festival folclórico de Parintins. 

No âmbito municipal, a discussão do desenvolvimento sustentável do festival deve envolver as pessoas, as empresas, as instituições e a prefeitura. O festival deve nortear o Plano Diretor do Município, Plano plurianual, Plano Municipal de Resíduos Sólidos, Plano de Saneamento Básico, Plano Municipal de Educação e Projeto Político Pedagógico das escolas. Nas dimensões da Agenda 21 do desenvolvimento sustentável, deve buscar conciliar o social, ambiental e cultural com a necessidade de desenvolver alternativas econômicas que melhorem os rendimentos da população sem o aumento extorsivo dos preços no período da festa folclórica.  

O governo municipal deve propor mecanismos e procedimentos que permitem a sociedade obter informações e participação nos processos de formulação de políticas, de planejamento e de avaliação relacionados ao desenvolvimento sustentável do festival folclórico de Parintins. Um dos mecanismos seria criar workshop de avaliação pós-festival. grupos de trabalhos e audiência técnica com a participação do Ministério do Turismo e Cultura, Universidades, Suframa, Sebrae, Governo do Estado, Prefeitura e Associações folclóricas, dentre outros. As associações folclóricas a prestação de contas do dinheiro público na câmara municipal, como uma forma de buscar a transparência no uso dos recursos públicos destinados ao Caprichoso e Garantido. 

O planejamento e gestão do desenvolvimento sustentável do festival folclórico de Parintins para os próximos 50 anos, se faz necessário, envolve elementos importantes para desenvolver um bairro, as comunidades rurais, o município em sua relação local-global-local. Há um conjunto especifico de fatores que interagem para propiciar o desenvolvimento local sustentável nas dimensões propostas pelos indicadores de desenvolvimento sustentável no município de Parintins/AM, avaliados pelo IBGE.


[1] Professor da Ufam, filósofo, especialista em Ética e Mestre em Estudos Amazônicos pela Universidad Nacional de Colômbia - UNAL, com ênfase em Desenvolvimento Regional.

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