O
FESTIVAL FOLCLÓRICO DE PARINTINS E OS PRÓXIMOS 50 ANOS.
Josenildo Santos de Souza[1]
Os
fundadores de Garantido e Caprichoso não imaginavam que a festa de boi-bumbá, ganharia
além mar, as dimensões grandiosas do Festival Folclórico de Parintins. Os
versos do poeta parintinense Chico da Silva “É boi, é boi, é boi-bumbá; Que me
leva pra lá e pra cá” sintetizam bem o compasso e o bailado da festa, que em
2015, comemora 50 anos, meio século de festival.
Mas
o que planejaram os governos federal, estadual e municipal para pensar o
festival daqui mais 50 anos? Nas três noites de festival, a cidade de 110 mil
habitantes (IBGE), salta para uma população flutuante de 150 mil
aproximadamente. Nesse sentido, o festival de Parintins ganha as dimensões do
ponto de vista do desenvolvimento sustentável (Ignacy Sachs, 2002), porque afeta,
pressiona e envolve as dimensões socioambiental, cultural, ecológica, territorial,
econômica, política, institucional (local, regional, nacional e internacional).
Faz-se
necessário, defender o Festival Folclórico de Parintins, com o mesmo olhar e
interesse que foi operado na prorrogação dos incentivos as empresas do Polo
Industrial de Manaus. Já passa da hora de políticos, empresários, sociedade
civil organizada e os governos, por meio dos ministérios e das secretarias
iniciarem um processo de organização de grupos de trabalhos para pensar o
Festival folclórico nos próximos 50 anos, que possa transferir os benefícios da
festa, como uma forma de melhorar a qualidade de vida e bem estar social a
atual e futuras gerações.
Quando
falamos nas dimensões do desenvolvimento sustentável acima referido, pensamos
em sua abordagem prática de participação da sociedade nas decisões que afetam a
sua vida, na medida em que se propõe uma maior participação das comunidades nos
rumos do desenvolvimento local do festival folclórico de Parintins.
No
âmbito municipal, a discussão do desenvolvimento sustentável do festival deve
envolver as pessoas, as empresas, as instituições e a prefeitura. O festival
deve nortear o Plano Diretor do Município, Plano plurianual, Plano Municipal de
Resíduos Sólidos, Plano de Saneamento Básico, Plano Municipal de Educação e
Projeto Político Pedagógico das escolas. Nas dimensões da Agenda 21 do
desenvolvimento sustentável, deve buscar conciliar o social, ambiental e
cultural com a necessidade de desenvolver alternativas econômicas que melhorem
os rendimentos da população sem o aumento extorsivo dos preços no período da
festa folclórica.
O
governo municipal deve propor mecanismos e procedimentos que permitem a sociedade obter
informações e participação nos processos de formulação de políticas, de
planejamento e de avaliação relacionados ao desenvolvimento sustentável do
festival folclórico de Parintins. Um dos mecanismos seria criar workshop de
avaliação pós-festival. grupos de trabalhos e audiência técnica com a
participação do Ministério do Turismo e Cultura, Universidades, Suframa,
Sebrae, Governo do Estado, Prefeitura e Associações folclóricas, dentre outros.
As associações folclóricas a prestação de contas do dinheiro público na câmara
municipal, como uma forma de buscar a transparência no uso dos recursos
públicos destinados ao Caprichoso e Garantido.
O
planejamento e gestão do desenvolvimento sustentável do festival folclórico de
Parintins para os próximos 50 anos, se faz necessário, envolve elementos
importantes para desenvolver um bairro, as comunidades rurais, o município em
sua relação local-global-local. Há um conjunto especifico de fatores que
interagem para propiciar o desenvolvimento local sustentável nas dimensões
propostas pelos indicadores de desenvolvimento sustentável no município de
Parintins/AM, avaliados pelo IBGE.
[1]
Professor da Ufam, filósofo, especialista em Ética e Mestre em Estudos
Amazônicos pela Universidad Nacional de Colômbia - UNAL, com ênfase em Desenvolvimento
Regional.
Nenhum comentário:
Postar um comentário