Nos últimos 25 anos, a região da América Latina e do Caribe conseguiu
alcançar vários dos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, ODMs. O
relatório lançado pela ONU esta segunda-feira faz um balanço sobre progressos
gerais em regiões do mundo em desenvolvimento.
A primeira meta era diminuir pela metade o total de pessoas vivendo com
menos de US$ 1,25 por dia. Em 1990, 13% dos latinos e caribenhos viviam na
extrema pobreza e atualmente, a condição é uma realidade para 4% da população
da região.
Educação
A proporção de pessoas passando fome no mundo também deveria diminuir,
segundo o compromisso firmado pelos países. Na América Latina, menos de 5%
sofrem com a fome, mas no Caribe essa taxa chega a 20%.
O Objetivo do Milênio número 2 era garantir que até 2015, todos os meninos e
meninas do mundo pudessem completar sua educação primária. Segundo a ONU, a
maioria do progresso na América Latina e Caribe foi alcançada antes do ano 2000
e atualmente, 94% das crianças estão matriculadas no ensino primário.
Mulheres
A promoção da igualdade de direitos entre homens e mulheres era a terceira
meta, que também foi alcançada pela região. As mulheres na América Latina e no
Caribe participam do mercado de trabalho quase tanto quanto os homens.
A Rádio ONU ouviu a diretora da ONU Mulheres para a América Latina, Luiza
Carvalho, que falou sobre a segregação de carreiras no Brasil.
"Isso é muito dramático. Embora a gente veja bons avanços, aqui no
Brasil acabamos de ver que a mulher está liderando a participação em medicina,
o que é um fato inusitado, há 15 anos isso não ocorria. Hoje temos mais
mulheres na medicina do que homens. Mas a segregação entre carreiras
tecnológicas e carreiras humanas ainda é fundamental. E nós sabemos que as
carreiras melhor remuneradas são as carreiras que estão na linha das
engenharias e das tecnologias. E aí você vê predominantemente a participação do
homem, a participação da mulher é em torno de 30%."
Fora do setor agrícola, 45 entre 100 postos de trabalhos assalariados são
ocupados por mulheres, o maior índice entre todas as regiões em desenvolvimento
do mundo. A representação das mulheres no Parlamento é de 27%, também a maior entre
todas as regiões.
Crianças e Mães
O Objetivo de Desenvolvimento do Milênio número 4 previa que as mortes de
crianças menores de cinco anos fossem reduzidas em dois terços entre 1990 e
2015. Na América Latina e Caribe a meta foi alcançada, com redução de 69%.
Isso representa atualmente 17 mortes a cada mil nascimentos, sendo que em
1990, eram 54 mortes por mil nascimentos.
Melhorar a saúde materna era o quinto objetivo, sendo que na América Latina,
77 mulheres entre 100 mil não sobrevivem ao parto. No Caribe, o total de mortes
chega a 190.
Adolescentes e Aids
O relatório destaca que América Latina e o Caribe fizeram poucos progressos
para reduzir o total de adolescentes grávidas e a região tem o segundo maior
índice de partos na adolescência: 73 entre 1 mil adolescentes ficam grávidas.
Sobre a Aids, tema do sexto objetivo, a região conseguiu o maior progresso
em relação ao tratamento: 44% das pessoas que vivem com HIV na América Latina e
Caribe têm acesso à terapia antirretroviral.
Mas segundo o relatório das Nações Unidas, os progressos para conter novas
infecções foram lentos: no ano 2000, o total de novos casos de HIV chegavam a
96 mil e em 2013, foram registrados 94 mil novas infecções.
Água Potável
Por outro lado, a América Latina e o Caribe conseguiram alcançar a sétima
Meta do Milênio, ligada à água e ao saneamento. Atualmente, 95% da população
tem acesso a fontes seguras de água, um objetivo alcançado cinco anos do prazo.
Em relação ao saneamento, a região está bem próxima de diminuir pela metade
o total de pessoas que não têm saneamento básico. Em 1990, 67% da população
tinha acesso ao saneamento adequado e atualmente o índice é de 83%.
A região ainda tem 20% dos seus habitantes morando em favelas, uma queda de
apenas 9% em relação aos índices do ano 2000.
Celular
O oitavo e último Objetivo de Desenvolvimento do Milênio foca em parcerias
ligadas à assistência financeira e ao comércio. Os dados do relatório são
globais: a dívida dos países em desenvolvimento "caiu de forma dramática
na primeira década do milênio e agora está estabilizada".
A meta também previa maior cooperação com o setor privado, o que contribuiu
para o forte aumento do uso de telefones celulares e da internet, mas a divisão
digital entre ricos e pobres continua crescendo. Segundo o relatório, os
serviços de telefonia móvel contam atualmente com 7 bilhões de assinaturas.
Reprodução da página unmultimedia.org
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