Com o
objetivo de dar continuidade e ampliar as atividades do projeto Waraná
(guaraná, na língua Sateré-Mawé) uma nova proposta de trabalho foi apresentada
pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC) e discutida com
os produtores da Terra Indígena Andirá-Marau, situada entre o Amazonas e o o
Pará.
Para atingir
o objetivo, a partir (4 a 10/02), a equipe do
projeto realiza junto com os produtores indígenas a “1ª Oficina sobre solos,
consórcio agroflorestais, produção de mudas e coleta de sementes na Terra
Indígena Andirá-Marau”. Na ocasião, os principais resultados do projeto serão
repassados e discutidos com os comunitários.
De acordo
com a coordenadora do projeto Waraná, a pesquisadora do Inpa, a doutora em Ciências
Agronômicas Sonia Alfaia, serão propostas práticas que possam integrar produção
e conservação dos recursos naturais, como o plantio de pau-rosa em sistemas
agroflorestais, a produção agroecológica do guaraná, além de estudos para a
recuperação da melhoria da fertilidade das terras por meio do manejo
agroecológico dos solos.
A
pesquisadora explica que o guaraná é o principal produto econômico e cultural
dos Sateré, sendo que o cultivo de pau-rosa para extração de óleo vem surgindo
como a nova aposta econômica do Consórcio de Produtores Sateré-Mawé. “Trata-se
de uma espécie de ocorrência natural na região e atualmente catalogada na lista
da Convenção Internacional sobre Espécies da Flora e Fauna Ameaçadas de
Extinção (CITES)”, diz Alfaia. “Seu óleo essencial tem alto valor comercial
pela presença do linalol, fixador utilizado na indústria da perfumaria”,
destaca.
O primeiro
encontro acontecerá na base denominada “Vinte Quilos”, distante duas horas de
voadeira (pequena embarcação de alta velocidade) do município de Parintins.
Durante três dias, a equipe do projeto Waraná realizará diversas atividades e
apresentará a nova proposta para os agricultores indígenas.
A Terra
Indígena Andirá-Marau abrange os municípios de Parintins, Barreirinha e Maués,
no Amazonas; e os municípios de Aveiro e Itaituba, no Pará. Possui quase 800
mil hectares e uma população de mais de 7,3 mil habitantes da etnia
Sateré-Mawé.
Sobre o
projeto
Implementado
em 2013 com o patrocínio da Petrobras Socioambiental, o projeto Waraná
Agroecológico tem como principal objetivo fortalecer a agricultura, a soberania
alimentar, além de proporcionar a geração de renda e a valorização dos saberes
tradicionais dos indígenas das comunidades da Terra Indígena
Andirá-Marau.
Segundo
Alfaia, o projeto vem sendo desenvolvido em 13 comunidades da Terra Indígena
Andirá-Marau, apoiando atividades sustentáveis com ênfase na agroecologia, como
produção de mudas, implantação de sistemas agroflorestais, hortas escolares,
produção de compostos orgânicos e capacitação na coleta de sementes florestais,
visando a segurança alimentar e a geração de renda nas comunidades Sateré-Mawé.
Durante o
andamento do projeto, foram implantados dois viveiros florestais, nos
municípios de Barreirinha (rio Andirá), a 331 quilômetros de Manaus, e Maués
(rio Marau), a 276 quilômetros de Manaus, com capacidade para produção de 5 mil
mudas.
Segundo a
pesquisadora, o projeto também investiu fortemente na capacitação dos
produtores indígenas. Em parceria com o Centro de Sementes de Nativas do
Amazonas (CSNAM) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), foram realizadas
três oficinas de capacitação sobre Coleta e Manejo de Sementes de Espécies
Florestais Nativas e três oficinas de curso de Implantação de Áreas de Coleta
de Sementes.
pesquisadora destaca que os produtores que
participaram do curso de manejo de sementes foram cadastrados junto ao Registro
Nacional de Sementes e Mudas (Renasem) do Ministério de Agricultura, Pesca e
Abastecimento (Mapa), pois para produzir sementes ou mudas é necessário estar
inscrito naquele Órgão. “O projeto também está assessorando o Consórcio dos
Produtores Sateré-Mawé no processo de registro das Áreas de Coleta de Sementes
junto ao Mapa”, diz Alfaia.
Em parceria
com o Instituto de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam), foram
realizadas três oficinas práticas para implantação dos Sistemas Agroflorestais
(SAFs), denominadas Puxirum Agroecológico (do Tupi, o mesmo que
mutirão), além de três oficinas de educação ambiental, que teve como
objetivo estimular a produção de adubo orgânico e sensibilizar as
famílias e escolas para a questão de manejo do lixo e da melhoria da
fertilidade do solo.
Com informações da Ascom/Inpa
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