domingo, 19 de fevereiro de 2017

Inpa discutiu ampliação do projeto Waraná com os produtores da Terra Indígena Andirá-Marau



Com o objetivo de dar continuidade e ampliar as atividades do projeto Waraná (guaraná, na língua Sateré-Mawé) uma nova proposta de trabalho foi apresentada pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC) e discutida com os produtores da Terra Indígena Andirá-Marau, situada entre o Amazonas e o o Pará.
Para atingir o objetivo, a partir (4 a 10/02), a equipe do projeto realiza junto com os produtores indígenas a “1ª Oficina sobre solos, consórcio agroflorestais, produção de mudas e coleta de sementes na Terra Indígena Andirá-Marau”. Na ocasião, os principais resultados do projeto serão repassados e discutidos com os comunitários.  
De acordo com a coordenadora do projeto Waraná, a pesquisadora do Inpa, a doutora em Ciências Agronômicas Sonia Alfaia, serão propostas práticas que possam integrar produção e conservação dos recursos naturais, como o plantio de pau-rosa em sistemas agroflorestais, a produção agroecológica do guaraná, além de estudos para a recuperação da melhoria da fertilidade das terras por meio do manejo agroecológico dos solos.  
A pesquisadora explica que o guaraná é o principal produto econômico e cultural dos Sateré, sendo que o cultivo de pau-rosa para extração de óleo vem surgindo como a nova aposta econômica do Consórcio de Produtores Sateré-Mawé. “Trata-se de uma espécie de ocorrência natural na região e atualmente catalogada na lista da Convenção Internacional sobre Espécies da Flora e Fauna Ameaçadas de Extinção (CITES)”, diz Alfaia. “Seu óleo essencial tem alto valor comercial pela presença do linalol, fixador utilizado na indústria da perfumaria”, destaca.
O primeiro encontro acontecerá na base denominada “Vinte Quilos”, distante duas horas de voadeira (pequena embarcação de alta velocidade) do município de Parintins. Durante três dias, a equipe do projeto Waraná realizará diversas atividades e apresentará a nova proposta para os agricultores indígenas.
A Terra Indígena Andirá-Marau abrange os municípios de Parintins, Barreirinha e Maués, no Amazonas; e os municípios de Aveiro e Itaituba, no Pará. Possui quase 800 mil hectares e uma população de mais de 7,3 mil habitantes da etnia Sateré-Mawé.

Sobre o projeto
Implementado em 2013 com o patrocínio da Petrobras Socioambiental, o projeto Waraná Agroecológico tem como principal objetivo fortalecer a agricultura, a soberania alimentar, além de proporcionar a geração de renda e a valorização dos saberes tradicionais dos indígenas das comunidades da Terra Indígena Andirá-Marau.  
Segundo Alfaia, o projeto vem sendo desenvolvido em 13 comunidades da Terra Indígena Andirá-Marau, apoiando atividades sustentáveis com ênfase na agroecologia, como produção de mudas, implantação de sistemas agroflorestais, hortas escolares, produção de compostos orgânicos e capacitação na coleta de sementes florestais, visando a segurança alimentar e a geração de renda nas comunidades Sateré-Mawé.
Durante o andamento do projeto, foram implantados dois viveiros florestais, nos municípios de Barreirinha (rio Andirá), a 331 quilômetros de Manaus, e Maués (rio Marau), a 276 quilômetros de Manaus, com capacidade para produção de 5 mil mudas.
Segundo a pesquisadora, o projeto também investiu fortemente na capacitação dos produtores indígenas. Em parceria com o Centro de Sementes de Nativas do Amazonas (CSNAM) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), foram realizadas três oficinas de capacitação sobre Coleta e Manejo de Sementes de Espécies Florestais Nativas e três oficinas de curso de Implantação de Áreas de Coleta de Sementes.
 pesquisadora destaca que os produtores que participaram do curso de manejo de sementes foram cadastrados junto ao Registro Nacional de Sementes e Mudas (Renasem) do Ministério de Agricultura, Pesca e Abastecimento (Mapa), pois para produzir sementes ou mudas é necessário estar inscrito naquele Órgão. “O projeto também está assessorando o Consórcio dos Produtores Sateré-Mawé no processo de registro das Áreas de Coleta de Sementes junto ao Mapa”, diz Alfaia.
Em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam), foram realizadas três oficinas práticas para implantação dos Sistemas Agroflorestais (SAFs), denominadas Puxirum Agroecológico (do Tupi, o mesmo que mutirão), além de três oficinas de educação ambiental, que teve como objetivo  estimular a produção de adubo orgânico e sensibilizar as famílias e escolas para a questão de manejo do lixo e da melhoria da fertilidade do solo. 
Com informações da Ascom/Inpa

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