domingo, 19 de fevereiro de 2017

“A pesquisa desenvolve a cognição de docentes”, de acordo com palestrante do Fórum das Licenciaturas



A discussão do Fórum das Licenciaturas referente ao primeiro bimestre deste ano ocorreu nesta segunda-feira (13), das 14 às 18 horas, com o tema: “O estágio com pesquisa na formação inicial de professores como desenvolvimento da educação científica”, no auditório Paulo Burnhein, setor sul do Campus. O objetivo do debate é chamar a atenção de docentes e discentes das diversas licenciaturas da Ufam para a importância da prática de pesquisa vinculada às fundamentações teóricas dos cursos, para que sua cognição seja desenvolvida.

O pesquisador e professor Evandro Ghedin, mestre em Educação pela Ufam e doutor pela Universidade de São Paulo (USP) desenvolve o tema do encontro. Segundo ele, a distinção entre teoria e prática se dá em nível meramente formal, iniciada em contexto próprio do capitalismo da II Revolução Industrial, que tem se estendido até os dias atuais. “A relação entre ambas, porém, é de dependência direta, para que sua eficácia seja possível. A Universidade deve se opor ao discurso hegemônico que dita a competição como princípio norteador da formação, ao invés da cooperação”, observa o professor. A argumentação utilizada para sustentar sua tese é regida pelos seguintes pressupostos:
1 – É necessário que a pedagogia seja compreendida como um conjunto de saberes articuladores das ciências da Educação;
2 – A função do estágio é também articuladora interdisciplinar central da formação docente;
3 – Práxis (teoria atrelada à prática) deve ser o objetivo da formação docente;
4 – A formação ocorre em dimensões: ética, por ser esta uma qualidade tipicamente humana; política, visto que a sociedade organiza-se politicamente; estética e epistemológica;
5 – A pesquisa é princípio formativo.

O ponto de partida da migração dos pressupostos apresentados às finalidades da discussão é o processo circular da atividade cognitiva humana, que abstrai conhecimento (teoria) de um acontecimento concreto e, após realizar resignificação, coloca seus conhecimentos em prática e descobre outros.

Sobre a importância da cognição na formação do Educador
Conforme afirma o professor Ghedin, é função primordial da universidade auxiliar na produção de outras formas de percepção que visem a cooperação, o que só é possível com o conhecimento adquirido, para então desenvolver uma inteligência coletiva que recrie outras condições sociais. “Devemos priorizar a formação de processos cognitivos que produzam relações neurológicas duradouras, por ser esta a única maneira de modificar processos e formar uma sociedade melhor”, ressalta. 

Estudos que dão conta da cognição indicam que 95% das atitudes humanas são determinadas pelos inconscientes pessoal, coletivo e histórico, restando apenas 5% ao consciente, vulnerabilizando assim grande parte da sociedade, que caso não desenvolva a chamada ‘inteligência coletiva’ tende a tornar-se ainda mais atrasada.  

Por fim, pontua que em aulas expositivas apreendemos 10% do conteúdo em questão, e ao pesquisar e expor resultados da própria experiência, conseguimos extrair cerca de 80%. “A pesquisa obriga a mobilizar sete ou oito neurônios, essenciais à docência. Este projeto deve ser desenvolvido coletivamente pelos professores e estudantes da universidade”, conclui.

Sobre o fórum das Licenciaturas
Coordenado pela professora Irlane Maia de Oliveira, o Fórum das Licenciaturas, que ocorre bimestralmente com a finalidade de promover o diálogo entre discentes e docentes dos cursos de licenciatura da Ufam, foi fundado em 2010, tendo como ponto de partida o I Encontro Nacional das Licenciaturas. “Avançamos muito até aqui, discutindo temas pertinentes à área da Educação, graças à colaboração mútua de discentes e docentes”, afirmou a professora. 

Portal da Ufam

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