A discussão do Fórum das Licenciaturas referente
ao primeiro bimestre deste ano ocorreu nesta segunda-feira (13), das 14 às 18
horas, com o tema: “O estágio com pesquisa na formação inicial de professores
como desenvolvimento da educação científica”, no auditório Paulo Burnhein,
setor sul do Campus. O objetivo do debate é chamar a atenção de docentes e
discentes das diversas licenciaturas da Ufam para a importância da prática de
pesquisa vinculada às fundamentações teóricas dos cursos, para que sua cognição
seja desenvolvida.
O pesquisador e professor Evandro Ghedin, mestre
em Educação pela Ufam e doutor pela Universidade de São Paulo (USP) desenvolve
o tema do encontro. Segundo ele, a distinção entre teoria e prática se dá em
nível meramente formal, iniciada em contexto próprio do capitalismo da II
Revolução Industrial, que tem se estendido até os dias atuais. “A relação entre
ambas, porém, é de dependência direta, para que sua eficácia seja possível. A Universidade
deve se opor ao discurso hegemônico que dita a competição como princípio
norteador da formação, ao invés da cooperação”, observa o professor. A
argumentação utilizada para sustentar sua tese é regida pelos seguintes
pressupostos:
1 – É necessário que a pedagogia seja
compreendida como um conjunto de saberes articuladores das ciências da
Educação;
2 – A função do estágio é também articuladora
interdisciplinar central da formação docente;
3 – Práxis (teoria atrelada à prática) deve ser o
objetivo da formação docente;
4 – A formação ocorre em dimensões: ética, por
ser esta uma qualidade tipicamente humana; política, visto que a sociedade
organiza-se politicamente; estética e epistemológica;
5 – A pesquisa é princípio formativo.
O ponto de partida da migração dos pressupostos
apresentados às finalidades da discussão é o processo circular da atividade
cognitiva humana, que abstrai conhecimento (teoria) de um acontecimento
concreto e, após realizar resignificação, coloca seus conhecimentos em prática
e descobre outros.
Sobre a importância da cognição na
formação do Educador
Conforme afirma o professor Ghedin, é função
primordial da universidade auxiliar na produção de outras formas de percepção
que visem a cooperação, o que só é possível com o conhecimento adquirido, para
então desenvolver uma inteligência coletiva que recrie outras condições
sociais. “Devemos priorizar a formação de processos cognitivos que produzam
relações neurológicas duradouras, por ser esta a única maneira de modificar
processos e formar uma sociedade melhor”, ressalta.
Estudos que dão conta da
cognição indicam que 95% das atitudes humanas são determinadas pelos
inconscientes pessoal, coletivo e histórico, restando apenas 5% ao consciente,
vulnerabilizando assim grande parte da sociedade, que caso não desenvolva a
chamada ‘inteligência coletiva’ tende a tornar-se ainda mais atrasada.
Por fim, pontua que em aulas expositivas apreendemos 10% do conteúdo em
questão, e ao pesquisar e expor resultados da própria experiência, conseguimos
extrair cerca de 80%. “A pesquisa obriga a mobilizar sete ou oito neurônios,
essenciais à docência. Este projeto deve ser desenvolvido coletivamente pelos
professores e estudantes da universidade”, conclui.
Sobre o fórum das Licenciaturas
Coordenado pela professora Irlane Maia de
Oliveira, o Fórum das Licenciaturas, que ocorre bimestralmente com a finalidade
de promover o diálogo entre discentes e docentes dos cursos de licenciatura da
Ufam, foi fundado em 2010, tendo como ponto de partida o I Encontro Nacional
das Licenciaturas. “Avançamos muito até aqui, discutindo temas pertinentes à
área da Educação, graças à colaboração mútua de discentes e docentes”, afirmou
a professora.
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