No século XXI, os resíduos sólidos têm se
mostrado um grande desafio aos gestores públicos municipais, inclusive
alarmando a população mundial na assembleia da ONU, em 27 de junho de 2012. No Brasil, 62% dos municípios, o equivale a 3.331 cidades
brasileiras fazem parte dessa realidade preocupante. No Amazonas, um estado que faz parte da
região Norte, 98% dos municípios ainda utilizam lixões a céu aberto como forma
de disposição final, de um total de 62 municípios (AMAZONAS, 2015).
Parintins, a 369 quilômetros da
capital do Amazonas, Manaus, com uma população aproximada de 110 mil
habitantes, produz em média 60 toneladas de resíduos sólidos, enfrenta
dificuldades para eliminar a lixeira a céu aberto, que chamam de aterro
sanitário controlado. O município se destaca em nível nacional e internacional
por conta do magnífico festival folclore de boi bumbá, uma festa realizada
anualmente no mês de junho, com as apresentações de Garantido e Caprichoso.
Em 2010, o governo federal instituiu
a Política
Nacional de Resíduos Sólidos, com a publicação da lei 12.305/2010. A lei é um
arcabouço legal norteador que estabeleceu prazos aos gestores públicos, com
vista a elaborarem planos e ações referentes ao Plano Municipal de Gestão
Integrada de Resíduos Sólidos. O plano deve prevê adequada destinação,
armazenamento e tratamento dos resíduos, sob pena de seus gestores sofrerem processos,
além de multas por danos ao meio ambiente.
A eliminação da lixeira a céu aberto
é um assunto antigo em vários estados do Brasil. Já foi tema de filmes e
documentários (Ilha das Flores, Estamira, Lixo Extraordinário). Em Parintins
também não foi diferente. Inúmeras audiências públicas foram realizadas por
gestores públicos entre os anos de 2012 e 2015 buscando sanar o problema,
inclusive com propostas em transferir a lixeira para a comunidade rural da vila
Amazônia, sendo o lixo transportado em balsas pelo Rio Amazonas. A proposta foi
rejeitada pela população das 62 comunidades que fazem parte do Assentamento
Rural da Reforma Agrária da Vila.
Estudos apontam que existem alguns fatores que
dificultam a eliminação do sistema de lixões a céu aberto: a falta de projetos
técnicos adequados para a captação de recursos, recursos humanos de técnicos
qualificados e recursos financeiros das prefeituras (MONTEROSSO, 2016). A lei 12.305/2010 que trata da Política
Nacional de Resíduos Sólidos, sofreu várias alterações após sua publicação. Entretanto,
o Senado Federal aprovou uma emenda apresentada pelo senador Fernando Bezerra
Coelho (PSB-PE) estabelecendo prazos escalonados de acordo com o perfil dos
municípios.
Parintins, no Estado do Amazonas, na fronteira da
divisa com o Estado do Pará, é o único município onde o aterro sanitário deverá
estar funcionando até 31 de julho de 2019. Municípios com população entre 50 a
100 mil habitantes o aterro sanitário deverá estar em funcionamento até 2020. E
municípios com população com menos de 21 mil habitantes o aterro sanitário
deverá estar em funcionamento até 2021.
No caso de Parintins existe um arcabouço legal
definido pela Lei Municipal nº 375/2006 que ao Regulamentar o Plano Diretor do
Município, estabeleceu diretrizes e determinou providências em relação ao Plano
de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, cabendo ao gestor municipal adotar procedimentos
ou instruções para a sua implementação e efetivação, tanto na área urbana
quanto nas áreas rurais
Os gestores públicos municipais não podem
negligenciar ao cumprimento da lei, sob pena em ter seus direitos políticos ameaçados
por improbidade administrativa, tornando-se inelegíveis por ações do Tribunal
de Contas do Estado, Ministério Público Estadual e/ou Federal, alertam os autores
do artigo intitulado Avaliação da Sustentabilidade de um Consórcio
Intermunicipal de Resíduos Sólidos entre os municípios de Benjamin Constant e
Atalaia do Norte/AM, publicado no livro Tópicos Especiais em Meio Ambiente pela
editora Alexa Cultural, em 2018.
O autor Josenildo
Santos de Souza é professor da Universidade Federal do Amazonas, filósofo,
especialista em ética e mestre em Estudos Amazônicos pela Universisdad Nacional
de Colômbia, com ênfase em Desenvolvimento Regional Amazônico.
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