quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Aula Magna da Pós-Graduação apresenta a importância da pesquisa científica para o desenvolvimento tecnológico

Realizada na quarta-feira, 16 de agosto, a aula inaugural dos Programas de Pós-Graduação da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) destacou a relação entre os avanços científicos e a produção contínua de inovação tecnológica, com destaque para o conceito de universidade empreendedora. A exposição ficou sob a responsabilidade do professor Fernando de Queiroz, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo de Ribeirão Preto (FMRP/USP).
Professor Fernando de Queiroz apresentou modelo aberto de inovação que agrega universidade e setor produtivoProfessor Fernando de Queiroz apresentou modelo aberto de inovação que agrega universidade e setor produtivo
O pesquisador, graduado em Ciências Biológicas, com mestrado em Fisiologia e Farmacologia e doutorado em Farmacologia, declarou: "Não abram mão de fazer ciência. Eu acredito que podemos ter uma relação saudável com o setor produtivo, mas mantendo nosso papel". Historicamente, a universidades tinham a função de conservar o conhecimento e formar recursos humanos. Em seguida, firmaram-se como lugar de pesquisa; e, hoje, sua função é experimentar a partir da produção contínua de inovação que transfere para a sociedade. “Ela não substitui a indústria e o setor produtivo, mas inova pela ciência”, afirmou.
De acordo com a pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, professora Selma Baçal, a instituição tem buscado mais enfoque no desenvolvimento de processos e produtos que visem à inovação tecnológica. “A Ufam vem crescendo em demandas nesse segmento, nas variadas áreas do conhecimento. Ou seja, muitos pós-graduandos estão começando a trabalhar com a perspectiva de construir trabalhos com foco em inovação tecnológica. Por esses motivos, consideramos a pertinência dessa temática”, ressaltou a gestora da Propesp.
Pesquisa & Desenvolvimento
Segundo o palestrante, é preciso associar duas figuras que antes eram separadas: a do cientista e a do inventor. “Enquanto o primeiro usa o método científico de observação e experimentação, o segundo realiza pesquisa de utilidade prática. Enquanto o conhecimento científico é um bem social internacional; o trabalho do inventor tem a função de gerar patente e permitir a exploração econômica”, explicou o professor Queiroz, para quem, desde o século XX, o alto valor agregado de desenvolvimento tecnológico passou a depender ainda mais do desenvolvimento científico. “Hoje, grandes descobertas são impossíveis sem ciência”, frisou.

A interligação entre ciência e tecnologia permitiu a criação de centros de pesquisa básica por grandes empresas. “No entanto, como os antigos modelos de inovação eram fechados e geravam altos custos para o setor produtivo”. Diante disso, a Universidade assumiu o papel de produtora de conhecimento científico relevante para gerar tecnologia inovadora. Ou seja, instaurou-se o modelo ‘Open Inovation’, por meio do qual foram intensificadas as conversas entre laboratórios industriais e os laboratórios acadêmicos.

Discentes e docentes dos PPGs da Ufam assistiram à aulaDiscentes e docentes dos PPGs da Ufam assistiram à aula
Desafios
A interação entre academia e setor produtivo, entre pesquisa científica e geração de tecnologia encontra uma série de desafios, conforme elenca o professor. Os pesquisadores equilibram-se sobre algumas dicotomias, entre as quais: publicar versus patentear; retorno financeiro versus partilha de resultados; sigilo de informação versus difusão de conhecimento.

No entanto, o binômio ‘universidade-empresa’ traz contribuições para ambas. De um lado enseja a melhoria do ensino, a recepção dos desafios trazidos pela sociedade, a atualização curricular, com inclusão de experiência prática, e o aporte de recursos para a pesquisa. Do ponto de vista empresarial, permite o acesso ao conhecimento científico, o estimo a inovação, a identificação de talentos e a redução de custos e riscos de P&D.

“O modelo de inovação aberto está relacionado, por exemplo, à pesquisa translacional em Medicina, de caráter multidisciplinar e com incentivo a projetos colaborativos entre centros nacionais e internacionais e com a indústria”, exemplificou o professor Queiroz, para quem o ‘Open Inovation’, especificamente nessa área, acelera a transferência de conhecimentos da pesquisa básica para a criação métodos de prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças.

Na Ufam
Doutorando em Química, Renan Feitoza investiga o aproveitamento de resíduo madeireiro voltado ao desenvolvimento de medicamentos.  “Nosso grupo de pesquisa se insere na cadeia produtiva da madeira certificada, onde recebe esses resíduos que seriam descartados. Então, estudamos a parte química com o objetivo de identificar substâncias ativas que tenham propriedades bioativas”, explicou. Com esse processo, segundo o pesquisador do PPG em Química, agrega-se valor ao rejeito.

No mestrado, Renan identificou substâncias com potencial antioxidante, que previnem o envelhecimento celular e podem estar ligadas a diversos tipos de câncer. “Pesquisar demanda tempo. Então, ainda estamos em processo de definição por meio de experimentos, para posterior publicação de uma das substâncias identificadas na dissertação, que, até o momento, acreditamos ser inédita”, considerou o pós-graduando.

Por outro lado, a mestranda em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia Elenize Avelino destacou a importância da multidisciplinaridade como fator fundamental à inovação na pesquisa realizada nos PPGs da Ufam. “Eu sou economista e estou do PPGCASA, um programa de vocação multidisciplinar, onde é possível ter acesso a uma diversidade de temas que nos atualizam como pesquisadores”, avaliou a discente.

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