Desde
abril de 2016, representantes de instituições que trabalham com
abelhas, meliponicultores, estudantes, cooperativas, associações e
segmentos da meliponicultura do Estado vêm discutindo uma solução para a
atividade da meliponicultura
A
partir de agora, os meliponicultores do Amazonas saem da
clandestinidade sem receio de terem seus produtos apreendidos. O estado é
o segundo do Brasil a regulamentar a produção de mel por abelhas sem
ferrão. O Grupo de Pesquisas em Abelhas (GPA) do Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC), que realiza um trabalho que atinge
cerca de 15 mil meliponicultores na região, ajudou a formular a
legislação proposta pelo deputado estadual Dermilson Chagas (PEN).
Para
falar da importância da Portaria nº253 da Agência de Defesa
Agropecuária e Florestal do Estado do Amazonas (Adaf), que aprova o
Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do Mel de Abelha Social
sem Ferrão, o técnico do Inpa, Hélio Vilas Boas, integrante do GPA, que
tem à frente a pesquisadora Gislene Carvalho-Zilse, esteve na manhã
desta quarta-feira (14), no plenário da Assembleia Legislativa do Estado
Amazonas (Aleam) à convite do deputado.
A
Portaria, publicada no Diário Oficial do Estado no útimo dia 1º de
novembro, estabelece a identidade e os requisitos mínimos de qualidade
que deve cumprir o mel de abelha social sem ferrão in natura ou submetido a processo de conservação por desumidificação ou refrigeração, destinado ao consumo humano.
De
acordo com Vilas Boas, a Portaria atende aos anseios dos criadores de
abelha em todo o Amazonas e possibilita a obtenção, junto à Adaf, do
Selo de Inspeção Estadual (SIE) do mel de abelha sem ferrão para a venda
em todo o Amazonas. “Também facilita a fiscalização da criação,
manejo, coleta e industrialização do mel”, destaca.
“Além
disso, resguarda o criador de abelhas de apreensões de seus produtos”,
acrescenta o técnico, ao lembrar que, segundo pesquisa da Embrapa, cerca
de 98% dos méis vendidos nas feiras de Manaus são falsificados,
adulterados, sem selo de inspeção ou de procedência duvidosa.
O técnico também
lembra que a Cooperativa de Criadores de Abelhas Sem Ferrão de Boa Vista
do Ramos foi a primeira do Amazonas a receber o Selo de Inspeção
Estadual (SIE) para o mel de abelhas sem ferrão do gênero Melipona.
Discussão e Pesquisa
Desde
abril de 2016, representantes de instituições que trabalham com
abelhas, meliponicultores, estudantes, cooperativas, associações e
segmentos da meliponicultura do Estado vêm discutindo com o deputado
Dermilson Chagas uma solução para a atividade da meliponicultura.
Em
audiência na Aleam, foi formado um Grupo de Trabalho para realizar um
estudo sobre a meliponicultura no Estado e apresentar proposta para uma
futura lei de criação de abelhas sem ferrão e comercialização de mel a
ser implantada no Amazonas. A legislação está pronta e tramita nas
comissões da Aleam.
“A
meliponicultura é uma atividade econômica que envolve mais de dez mil
famílias, o que significa renda, oportunidade e qualidade de vida, além
de ser uma atividade de baixo impacto, tem um alcance social, econômico e
político muito grande”, diz o deputado, que é presidente da Comissão de
Agricultura, Pesca, Pecuária, Aquicultura, Abastecimento e
Desenvolvimento Rural na Aleam.
Segundo
Chagas, a Portaria foi o primeiro passo, pois já existe uma outra
legislação tramitando na Aleam. “Estou direcionando uma parte da minha
Emenda Parlamentar para investimentos em Boa Vista do Ramos para equipar
a Casa do Mel que existe lá para incentivar a produção”, ressalta o
deputado.
Com o trabalho “Identificação de mel de Melípona seminigra
e características da meliponicultura em Maraã e em Boa Vista do Ramos”,
o mestre em Agricultura no Trópico Úmido pelo Inpa, o biólogo Carlos
Demeterco, coletou algumas amostras de abelha sem ferrão, entre elas a
espécie uruçu-boca-de-renda, a jandaíra do Amazonas, na região do Maraã,
em Boa Vista do Ramos e, em Manaus, com algumas amostras dos produtores
da Associação dos Criadores de Abelhas do Amazonas (Acam).
O
trabalho foi orientado pela pesquisadora do Inpa, Beatriz Rochi Teles e
co-orientado pela pesquisadora Gislene Carvalho Zilse e Angela Steward,
do Instituto Mamirauá. “Percebemos que existe uma viariedade de perfis
de méis de uma mesma espécie no mesmo Estado”, diz Demeterco. “Isso
ajudou a entender e construir uma legislação que tenta abranger essa
diversidade de méis entre diversas espécies”, acrescenta.
Para
a meliponicultora, que cria abelha sem ferrão, no Ramal do Bela Vista,
no bairro Puraquequara (zona Leste de Manaus), Aldenora Lima de Queiroz,
é importante a legislação porque tira os criadores de abelha sem ferrão
da clandestinidade.
A
criadora de abelha sem ferrão iniciou a produção de mel, há três anos,
com 700 ml e conseguiu aumentar a produção, em 2015, para 30 litros.
“Conseguimos atingir essa faixa de produção depois de passarmos pela
fase de aprendizagem do manejo e manipulação do mel com os técnicos do
Inpa”, disse a meliponicultora, que vende seus produtos informalmente
para amigos e conhecidos.
Saiba mais
As
abelhas sem ferrão não apresentam ferrão funcional e nem glândula de
veneno, o que facilita o manejo e a criação por ribeirinhos e grupos
indígenas. No Amazonas, as abelhas serm ferrão mais utilizadas são a
jandaíra (Melipona seminigra), a jupará (Melipona interrupta) e a abelha beiço (Melipona eburnea).
Destas, a jandaíra é a mais produtiva chegando a produzir de seis a
sete quilos por ano, quando bem manejada. Uma colmeia de jandaíra tem
até 5 mil indivíduos.
Fonte Ascom INPA
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