sexta-feira, 1 de março de 2019

PROFESSOR DA UFAM LANÇA LIVRO SOBRE A CATASTRÓFICA BARRAGEM DE BALBINA


O professor Renan Albuquerque, coordenador do Mestrado em Ciências da Comunicação da Universidade Federal do Amazonas, lançou esta semana o livro “Balbina: Vidas Despedaçadas”. O livro é oriundo de extensa pesquisa etnográfica, com 380 páginas e chamar atenção para os 30 anos de inauguração da pior usina hidrelétrica do Brasil, que fica localizada no município de Presidente Figueiredo, ao norte da capital amazonense.

No livro, Renan registra que “a Usina Hidrelétrica de Balbina, localizada no município de Presidente Figueiredo, a norte de Manaus, Estado do Amazonas, na Amazônia Central/Brasil, foi exemplo de uma grande central hidrelétrica construída no intuito de fortalecer o desenvolvimento nacional e local, mas que teve consequências catastró­ficas aos povos do entorno: rurais, ribeirinhos e indígenas".  




​Renan, que possui Pós-Doutorado em Antropologia e atualmente cursa seu segundo estágio Pós-Doutoral em Psicologia, afirma que a obra também será lançada em 27 de março, em seminário científico na PUC-SP, com a presença da etnóloga Carmen Junqueira, reconhecida nacionalmente.
​Sobre a usina
​A proposta inicial de Balbina era fornecer energia confiável e de baixo custo para a população da capital amazonense e às empresas que se instalaram na década de 1970 na cidade, dando capilaridade à Zona Franca de Manaus (ZFM). Após o funcionamento da última das cinco turbinas Kaplan da usina, em fevereiro de 1989, perto de 50% do consumo de Manaus chegava a ser atendido pela UHE. Mas a relação entre a demanda de Manaus e o fornecimento de Balbina não demorou a se desequilibrar por conta do crescimento da urbe.

​Balbina, hoje, é a pior UHE do Brasil, comparando-se potência instalada com área alagada do reservatório, entre 116 usinas hidrelétricas do território nacional. Nesses 30 anos de tragédia, segundo o professor Renan Albuquerque, é importante destacar o quanto foi afetado o modo de vida de comunidades e o cotidiano enquanto dimensão de convivência, pois em áreas ribeirinhas ele se dá mediante dinâmica relacionada a rios (higiene, alimentação, trabalho e crenças compartilhadas).

Para o autor “a invisibilidade perante o poder público é mais enfática em relação a minorias populacionais. No âmbito da UHE Balbina, rurais, indígenas e ribeirinhos deixaram de ser contem­plados de forma digna a partir de grandes projetos hidroenergéticos e, no distrito de Balbina”.

Renan enfatiza que “ao deixarem de ser inseridas dentro da esfera de ações realizadas no intuito de modificar a realidade amazônica, populações foram pena­lizadas duplamente: primeiro por serem tomadas enquanto desqualifi­cadas para participar de modificações sociais de seu tempo e segundo por ter sido negado a elas a integração na construção de um novo território”.

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