sábado, 30 de julho de 2016

Carta do Chefe Seattle, escrita em 1854, a Ecologia Política do Papa Francisco e a Ecologia de Saberes de Boaventura de Souza Santos.



Carta do Chefe Seattle, escrita em 1854, a Ecologia Política do Papa Francisco e a ecologia de saberes de Boaventura de Souza Santos.

                                                                                           Josenildo Santos de Souza

A carta do chefe indígena retrata e demonstra claramente a relação existente entre as populações tradicionais com a natureza no processo de uso ecologicamente equilibrado dos recursos naturais e a defesa ao meio ambiente para o atendimento das necessidades e qualidade de vida para a sua sobrevivência.

Este documento – dos mais belos já escritos sobre o uso do solo – vem sendo intensamente divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU). É uma carta escrita, em 1854, pelo chefe Seattle ao Presidente dos Estados Unidos, Franklin Pierce, quando este propôs comprar as terras de sua tribo, concedendo-lhes uma outra “reserva”.

Tendo em vista os graves problemas enfrentados pela sociedade atual, a Encíclica Ecológica do Papa Francisco, a carta do Chefe Seattle ganha relevância pelas questões abordadas e nos convida a reflexão dos padrões de produção e consumo. Serve de alerta aos diferentes modos de vida e a enorme diversidade socioambiental, cultural, econômica, ecológica e política de compreensão dos saberes ancestrais e que todos compartilhamos nosso destino comum.

Eis a carta... “Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra?
 
Essa ideia  nos parece estranha.

Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, como é possível comprá-los?

Cada pedaço desta terra é sagrado para o meu povo. Cada ramos brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência do meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho.

Os mortos do homem branco esquecem sua terra de origem quando vão caminhar entre as estrelas. Nossos mortos jamais esquecem esta bela terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela faz parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia, são nossos irmãos. Os picos rochosos, os sucos úmidos nas campinas, o calor do corpo do potro, e o homem - todos pertencem à mesma família.

Portanto, quando o Grande Chefe em Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, pede muito de nós. O Grande Chefe diz que nos reservará um lugar onde possamos viver satisfeitos. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, nós vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra. Mas isso não será fácil. Esta terra é sagrada para nós.

Essa água brilhante que escorre nos riachos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de que ela é sagrada, e devem ensinar as suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida do meu povo. O murmúrio das águas é a voz dos meus ancestrais.

Os rios são nossos irmãos, saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos, e seus também. E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão.

Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção de terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem a noite e extrai da terra aquilo que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga, e quando ele a conquista, prossegue seu caminho. Deixa pra trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa. A sepultura de seu pai e os direitos de seus filhos são esquecidos. Trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu, como coisas que possam ser compradas, saqueadas, vendidas como carneiros ou enfeites coloridos. Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto.

Eu não sei, nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez seja porque o homem vermelho é um selvagem e não compreenda.

Não há um lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desabrochar de folhas a primavera ou o bater das asas de um inseto. Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não compreendo. O ruído parece somente insultar os ouvidos.

E o que resta da vida se um homem não pode ouvir um choro solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa, a noite? eu sou um homem vermelho e não compreendo. O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio vento, limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros.

O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro - o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Parece que o homem branco não sente o ar que respira. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao mau cheiro. Mas se vendermos nossa terra ao homem branco, ele deve lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seu espírito com toda vida que mantém. O vento que deu a nosso avô seu primeiro inspirar também recebi seu último suspiro. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la intacta e sagrada, como um lugar onde até mesmo o homem branco possa ir saborear o vento açucarado pelas flores dos prados.

Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como seus irmãos.

Sou um selvagem e não compreendo qualquer outra forma de agir. Vi um milhar de búfalos apodrecendo na planície, abandonados pelo homem branco que os alvejou de um trem ao passar. Eu sou um selvagem e não compreendo como é que o fumegante cavalo de ferro pode ser mais importante que o búfalo, que sacrificamos somente para permanecer vivos.

O que é o homem sem os animais? Se todos os animais se fossem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Pois o que ocorre com os animais, breve acontece com o homem. Há uma ligação em tudo.

Vocês devem ensinar as suas crianças que o solo a seus pés, é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas de nosso povo. Ensinem as suas crianças, o que ensinamos as nossas, que a terra é nossa mãe. Tudo que acontecer a terra, acontecerá aos seus filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.

Isto sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem pertence a terra. Isto sabemos: todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo.

O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo.

Mesmo o homem branco, cujo Deus caminha e fala com ele de amigo para amigo, não pode estar isento do destino comum. É possível que sejamos irmão, apesar de tudo. Veremos. De uma coisa estamos certos – e o homem branco poderá vir a descobrir um dia: nosso Deus é o mesmo Deus: Vocês podem pensar que O possuem, como desejam possuir nossa terra; mas não é possível. Ele é o Deus do homem branco. A terra lhe é preciosa, e feri-la é desprezar seu criador. Os brancos também passarão; talvez mais cedo que todas as outras tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios desejos.

Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente, iluminados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre a terra e sobre o homem vermelho. Este destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos bravios sejam todos domados, os recantos secretos da floresta densa impregnados do cheiro de muitos homens, e a visão dos morros obstruída por fios que falam. Onde está o arvoredo? Desapareceu. Onde está a águia? Desapareceu. É o final da vida e o início da sobrevivência”

Os trechos da Carta do Chefe Seattle, nos remetem a proposta de Boaventura de Souza Santos (2007) em sua obra Renovar a teoria crítica e reinventar a emancipação social, na qual propõe uma ecologia dos saberes centrada em cinco ecologias. Ao abordar uma das ecologias, denominada de Ecologia das Temporalidades, relata uma experiência semelhante a vivenciada no relato da carta do Chefe Seattle.

Eis o relato “Em um projeto no qual estávamos trabalhando na Colômbia, havia uma luta muito grande pela exploração de petróleo na Sierra Nevada de Santa Marta, onde vivem os u´was, um povo indígena que ameaçou se suicidar coletivamente caso explorassem o petróleo em suas terras, por uma razão muito simples: o petróleo é sangue da terra, e o sangue da terra é seu próprio sangue; sem sangue não se vive. [...] Essa era uma ameaça muito grande, e em certo momento o ministro do Meio Ambiente da Colômbia decidiu falar com os taitas (anciões), os chefes indígenas. Chegou de helicóptero à Sierra Nevada para se reunir com eles e averiguar por que não aceitavam a exploração do petróleo dizendo que eram territórios sagrados.

Na reunião, o ministro perguntou por que não falavam, se era porque não queriam falar com ele. Até que um disse: “Não, nós queremos, o problema é que temos que consultar os antepassados”. O ministro perguntou quanto tempo levariam isso, e o taitas respondeu: “Veja, depende da lua, isso nós consultamos à noite”. E quem conhece sua etnologia sabe que isso é verdade, que não era uma farsa, era o que pensavam. O ministro disse que ele não podia ficar até a noite, que o helicóptero não tinha luzes suficientes, que já havia perdido duas horas de seu tempo conversando. Foi embora e os taitas continuaram sem falar. E, claro, no dia seguinte os jornais de Bogotá diziam: “Os taitas não querem falar com ministro”. Queriam falar, sim, mas em seu tempo... então a ecologia das temporalidades é, a meu ver, imprescindível” (SOUZA SANTOS, 2007, p. 34-35).

sexta-feira, 29 de julho de 2016

UNIR divulga processo seletivo para Mestrado Acadêmico em Educação

   A Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR), por meio da Coordenação do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação (PPGE), do Núcleo de Ciências Humanas (NCH) e do Departamento de Ciências da Educação, torna pública a abertura de inscrição para a seleção do Mestrado Acadêmico em Educação, Campus José Ribeiro Filho/Porto Velho.

 A inscrição será gratuita e deverá ser efetuada exclusivamente por meio eletrônico em espaço disponível no site www.mestradoeducacao.unir.br, das 8 horas do dia 10 de agosto às 18 horas do dia 15 de agosto de 2016.

   Podem se inscrever quaisquer pessoas que tenham concluído Curso Superior, devidamente reconhecido pelo MEC, ou convalidado no Brasil, no caso de cursos concluídos no exterior.

   O Programa oferece um total de 20 vagas para o mestrado: 10 vagas para a Linha de Formação Docente e 10 vagas para a Linha de Política e Gestão Educacional.

   A relação de documentos necessários para a inscrição e demais informações podem ser acessadas no edital.

Fonte: UNIR

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    Edital - Mestrado Acadêmico em Educação

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Nunca fomos levados suficientemente a sério, diz docente indigen ao Ministro da Educação


Em encontro com o ministro da Educação, Mendonça Filho, indígenas expõem dificuldades enfrentadas pelos povos desde a educação básica ao ensino superior e pedem a parceria da pasta para melhorias. "Se ainda temos essas mazelas é porque nunca formos levados suficientemente a sério, porque não foi por falta de diálogo", disse o coordenador do Fórum Nacional Permanente de Educação Escolar Indígena (Fneei), Gersem Baniwa.

Brasília - Representante do Fneei, Gersen Baniwa, fala no Fórum Nacional de Educação Escolar Indígena e da Federação Indígena das Nações Pataxó e Tupinambá do Extremo Sul da Bahia (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Coordenador do Fneei, Gersen Baniwa, fala no Fórum Nacional de Educação Escolar Indígena diretamente para o ministro da Educação, Medonça Filho                                                      Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Baniwa, que foi nomeado esta semana como conselheiro do Conselho Nacional de Educação (CNE), diz que todas as precariedades do ensino indígena são resultado do racismo institucional ainda presente no país. "É resultado do racismo que passa pelas instituições, pela sociedade, pelas pessoas. O fato de nós, indígenas, termos a negação dos nossos direitos, a negação do acesso à escola porque somos índios, é resultado do racismo. Simplesmente porque nascemos índios são bloqueados a nós os direitos e o acesso a políticas públicas", disse.
Os indígenas são 0,47% da população brasileira, num total de 817.963 habitantes, dos quais 502.783 vivem na zona rural e 315.180 em áreas urbanas, mostram os resultados preliminares do Censo Demográfico feito pelo IBGE em 2010. Eles pertencem a cerca de 305 etnias e falam 274 línguas.

Segundo Baniwa, no Amazonas, um terço das comunidades, o que corresponde a 60 mil estudantes, não tem prédio escolar. "Coloco isso como um grande desafio", ressaltou.
A também integrande do FNEEI, Teodora Guarany, defende a necessidade de mais participação dos indígenas na tomada de decisões. "Não queremos mais emendas de projetos, merecemos políticas mais concretas e mais estruturantes para a vida dos povos indígenas".
O grupo participava de reunião do Fórum Nacional de Educação Escolar Indígena que ocorreu hoje (6), no Ministério da Educação (MEC). Os indígenas reconheceram também os avanços que foram feitos no âmbito da educação dos povos indígenas e pediram que Mendonça Filho seja "embaixador para conseguir transformar, no Estado brasleiro, a educação indígena", e evitar retrocessos.

Conferência
Mendonça Filho assinou hoje ato que convoca para novembro de 2017 a II Conferência Nacional de Educação Escolar Indígena (CONEEI), que ocorrerá em Brasília.
"Contem conosco. Essa agenda de trabalho vai ser o mais profícua possível. Vamos estar abertos e vamos construir juntos esse ambiente", disse o ministro em resposta aos indígenas. O ministro recebeu formalmente uma série de demandas dos povos.

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Congresso Nacional da Primeira Infância O direito de brincar é o tema dos debates

Congresso Nacional da Primeira Infância

O direito de brincar é o tema dos debates

A proteção à infância e a atividade principal da criança – o brincar – estão definidas na Constituição Brasileira e nas legislações subsequentes, como é o caso do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Além disso, é dever do Estado garantir o atendimento em creches e pré-escola desde o nascimento até os seis anos de idade, bem como outros direitos que conduzam a uma efetiva educação com acesso ao conhecimento, à aprendizagem, fundamental para o processo de formação integral da infância.O Congresso Nacional da Primeira Infância, que ocorrerá de 26 a 29 de julho deste ano em Presidente Prudente, nasceu, assim, da necessidade de profissionais e pesquisadores dialogarem sobre estas e outras questões referentes a primeira infância, com especial atenção às voltadas à educação infantil como primeira etapa da educação básica. O evento que busca promover a articulação entre o discurso acadêmico e a prática cotidiana da escola, reunirá especialistas de renome nacional e professores das redes municipais da região.
Estão à frente da realização do Congresso Nacional da Primeira Infância o Fórum Regional Permanente de Educação da Infância de 0 a 12 anos (Forpedi) que tem como objetivo assegurar o acesso da população infantil a um atendimento educacional de qualidade, bem como fortalecer esse campo de conhecimentos e de atuação profissional na região de Presidente Prudente; e o Grupo de Estudos e Pesquisa sobre a Primeira Infância (GEPPI) ligado à Faculdade de Ciências e Tecnologia da UNESP, de Presidente Prudente – que tem como objetivo desvelar a realidade da primeira infância no Brasil e as alternativas institucionais para defendê-la e desenvolvê-la com qualidade.
São parceiros já confirmados para a realização do Congresso, o Centro de Estudos e Pesquisa em Educação, Ludicidade, Infância e Juventude (CEPELIJ) da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), Fórum Regional Permanente de Educação da Infância (Forpedi); Programa de Pós-Graduação em Educação e Núcleo de Educação à Distância da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), em Presidente Prudente, com as parcerias culturais do SESC e Binaulab Audio 3D; e apoio da União dos Dirigentes Municipais de Educação - São Paulo (UNDIME-SP). A coordenação geral do evento está sob a responsabilidade da Prof. Dra. Cinthia Magda Fernandes Ariosi, do Departamento de Educação da FCT-Unesp.
O Congresso Nacional da Primeira Infância – Pelo Direito de Brincar, que terá como local Teatro “Paulo Roberto Lisboa” do Centro Cultural Matarazzo e a Unesp, é um evento de caráter educativo cultural e tem como público de interesse pesquisadores, professores de Instituições de Ensino Superior, profissionais dos sistemas de ensino, alunos de Graduação e de Programas de Pós-Graduação em Educação ou de Ensino.
PROGRAMAÇÃO

26 de julho de 2016 (Terça Feira)

TARDE
17h – Credenciamento
Local: Centro Cultural Matarazzo

NOITE
19h – Abertura Solene do Evento
19h30minConferência de Abertura: Pelo Direito de Brincar
Psicóloga Sirlandia Reis de Oliveira Teixeira
(Associação Brasileira de Brinquedotecas/ International Toy Library Association (ITLA)/ Programa de Pós-graduação da USP/SP)
21h – Atividade Cultural – Festa na Praça – Banda Marcial de Sandovalina
Local: CC Matarazzo


27 de julho de 2016 (Quarta-feira)

MANHÃ
8h – Acolhida com café da manhã
8h30min – Atividade Cultural
9hMesa Redonda: A Brincadeira como fonte de expressão, criação e desenvolvimento.
– Prof. Dr. Fernando Donizete Alves. (UFSCAR/São Carlos/SP)
– Prof. Dr. José Milton de Lima. (Unesp/FCT/Presidente Prudente/SP)
Local: Centro Cultural Matarazzo

TARDE
14h – Atividade Cultural
14h30minMesa Redonda: Diferentes Infâncias e suas Brincadeiras
– Marcia Ramos – Educação do Campo (Setor da Educação do MST).
– Prof. Dr. Roberto Sanches Mubarac Sobrinho (UEA/Amazonas)- Ed. Indígena
– Profª Ms. Ivonete Aparecida Alves – Educação no Movimento Negro (Relações étnicas e raciais na Educação Infantil – Coletivo Mãos Negras/Presidente Prudente/SP).
17h – Chá da Cinco
Local: Centro Cultural Matarazzo


NOITE
19h30min – Vídeo Debate: Territórios do Brincar
Bosque do SESC – Termas/Presidente Prudente

19h30min (300 vagas – Auditório)
Palestra: O lúdico como base da educação infantil.
Prof.ª Drª Aline Sommerhalder (UFSCAR/São Carlos-SP).
Local: Unesp/FCT/Presidente Prudente

28 de julho de 2016 (Quinta-feira)

MANHÃ
8h30minMesa Redonda: Bebês e os livros infantis:
ações para brincar de ler.
Profª Drª Renata Junqueira de Souza (UNESP/FCT/PP)
Profª Drª Elieuza Aparecida de Lima (UNESP/FFC/Marília)
8h30min – Apresentação de trabalho
10h – Coffee Break
10h30min – 12h30min – Minicurso (1ª etapa)
Local: Unesp/FCT/Presidente Prudente

TARDE
13h30min – 18h – Minicurso (2ª etapa)
15h – Coffee Break
Local: Unesp/FCT/Presidente Prudente

NOITE
19h30min (300 vagas – Auditório)
Mesa Redonda: Espaços Lúdicos escolares e não escolares.
– Profª Drª Adriana Freyberger – Doutora em Educação e Arquiteta Lúdica, Centro Universitário Central Paulista (UNICEP/SP).
– Rodolfo Henrique Fischer (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo/São Paulo-SP) – Rudi (Projeto Anna Laura Parque para todos).

19h30min (100 vagas – Anfiteatro I)
Palestra: Como desenvolver um ambiente inclusivo na educação infantil – o brincar como foco
Profª Drª Danielle Aparecida do Nascimento dos Santos
Local: Unesp/FCT/Presidente Prudente


29 de julho de 2016 (Sexta-feira)

MANHÃ
8h – Acolhida com café da manhã
8h30min – Atividade Cultural
9hMesa Redonda: A formação do professor para o brincar
– Prof.ª Drª Luciana Esmeralda Ostetto (UFF/Rio de Janeiro)
– Prof.ª Drª Maria do Carmo Monteiro Kobayashi (Unesp/FC/Bauru)
Local: Centro Cultural Matarazzo

TARDE
14h – Atividade Cultural
14h30minConferência de Encerramento: As infâncias e suas expressões
– Prof. Dr. Jader Janer Moreira Lopes (UFF/Rio de Janeiro).
– Prof.ª Drª Sandra Regina Simonis Richter (Unisc/Santa Cruz do Sul – RS)
17h – Chá da Cinco com despedidas.
Local: Centro Cultural Matarazzo

São três as categorias de inscrições:
Categoria I – Profissionais das redes municipais conveniadas ao Forpedi em 2016 e Associados do Sintrapp;
Categoria II – Alunos de Graduação e Professores da Rede;
Categoria III – Demais participantes.
Os valores das inscrições são:
Categoria I = R$ 70,00
Categoria II = R$ 80,00
Categoria III = R$ 110,00
Processo de Inscrição:
 página do evento (www.inscricoes.fmb.unesp.br)

Proext retifica Edital de seleção para 2016/2. Propostas podem ser submetidas até 29 de julho

Proext retifica Edital de seleção para 2016/2. Propostas podem ser submetidas até 29 de julho

A Pró-Reitoria de Extensão, por meio da Câmara de Extensão e Interiorização (CEI), divulga a retificação do Edital PROEXT 001/2016, referente à seleção de projetos de extensão em diferentes modalidades.
As propostas que deverão ser implementadas no segundo semestre de 2016 podem ser submetidas até 29 de julho.
As mudanças no edital estão baseadas no crescimento da quantidade de propostas submetidas à modalidade Programa Atividade Curricular de Extensão (PACE) para 2016/02 e na adequação da gestão à redução dos recursos para pagamento da bolsa de coordenação.
A Câmara definiu as seguintes mudanças:
a) O projeto de extensão deve, preferencialmente, ser vinculado a Programa de Extensão institucionalizado, conforme relação descrita na página da Proext/Ufam;
b) Cada docente poderá submeter somente uma proposta de Atividade Curricular de Extensão (ACE) como coordenador para o segundo semestre de 2016. Ele pode figurar como vice-coordenador em outra ACE. Propostas que descumprirem esse limite não serão admitidas;
c) Serão disponibilizadas 200 bolsas para o segundo semestre de 2016; e
d) Todas as fases da seleção, da execução e da prestação de contas das Atividades Curriculares de Extensão, a serem desenvolvidos nos semestres letivos 2016/02 serão regidas pelo cronograma.
Confira a decisão da CEI na íntegra. A seguir, o cronograma completo para este semestre:
 
Notícia relacionada: Proext recebe inscrições de Projetos e Programas de Extensão

Seminário na Ufam vai debater Base Nacional Comum Curricular

Proposta da Base Nacional Comum Curricular será debatida em Seminário na Ufam

O objetivo do encontro é mobilizar especialmente alunos e coordenadores do PIBID a contribuírem com a Proposta da BNCC. Até o momento, mais de 12 milhões de pessoas já participaram.

A Universidade Federal do Amazonas promove, na quinta-feira (14), a partir das 9h, no auditório Rio Amazonas, um Seminário com o intuito de esclarecer o que é a Proposta da Base Nacional Comum Curricular, como ela está sendo construída pelos cidadãos brasileiros e qual a importância desse instrumento para a Educação Básica no País.
A segunda versão do documento já está pronta. Durante o evento, a Comissão Estadual de Mobilização para a elaboração da BNCC fará uma palestra para apresentar a sistemática de funcionamento da Plataforma através de grupos de trabalho distribuídos por diretriz e por áreas de conhecimento.
Para dar contribuições nos dias 27 e 28 de julho, data em que ocorre o Seminário Estadual sobre a Proposta, é preciso inscrever-se. As inscrições seguem até o dia 8 de julho. Acesse https://sites.google.com/a/seduc.net/bncc-amazonas/ e garanta sua participação!
“A comunidade universitária, em especial os mais de 350 alunos e os coordenadores dos 38 cursos de licenciatura da Ufam que fazem parte do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), tem papel relevante no processo de elaboração da BNCC”. É dessa forma que pensa o pró-reitor adjunto de Ensino de Graduação, professor Nelson Noronha.
“Nós formamos professores em 45 cursos de Licenciatura Regular. Além disso, há o Programa de Formação de Professores (Parfor) e as Licenciaturas Indígenas”, exemplifica o professor acerca do papel da Ufam na Educação Básica. Ele cita ainda que os conteúdos desse instrumento, bem como as práticas da sala de aula, são cultivados pela Universidade através da pesquisa e da intervenção na realidade das escolas.
“Os professores das universidades que escrevem os livros didáticos; e são eles que trabalham os temas que formarão os novos paradigmas da Educação Brasileira, dentre os quais a inclusão de temas como Educação Étnica, Educação Ambiental e História da África”, esclarece Noronha.
Seminários Estaduais – A proposta é a de que os seminários estaduais reúnam estudantes, professores e demais profissionais da educação para discutir a segunda versão do documento da BNCC. Ao final de cada seminário estadual será produzido um relatório.
Um relatório final será entregue ao MEC que, por sua vez, o encaminhará ao Conselho Nacional de Educação (CNE). A avaliação dessa terceira versão pelo CNE começará após os seminários estaduais.
A realização dos seminários estaduais para a discussão da segunda versão da BNCC vai ao encontro do que determina a Lei 13.005/2014, que estabelece o Plano Nacional de Educação (PNE). De acordo com a legislação, a União, os estados, os municípios e o DF deverão pactuar a implantação de direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento que configurarão a Base Nacional Comum Curricular.
Direitos – Os temas fundamentais a serem discutidos durante essa rodada de propostas, na avaliação do pró-reitor adjunto, são os que pressupõem a Educação como um direito através do qual cada pessoa tem acesso à cidadania e os que tratam da pluralidade e da diversidade essenciais que levam em conta questões de gênero, de cultura, de diversidade regional e de diversas formas de combate ao preconceito e ao racismo, por exemplo.
Cada escola elabora seu projeto pedagógico, mas todas elas deverão garantir o mínimo comum exigido pela BNCC para a formação de direitos no âmbito da educação básica. Assim, o domínio da linguagem permite a comunicação eficaz, ao passo que os conhecimentos em ciências exatas e matemática permitem a exploração do mundo físico e a formação humanística enseja o crescimento intelectual, psíquico e até político. “Até mesmo no contexto dos cursos técnicos voltados ao mercado de trabalho essas referências não poderão ser negligenciadas”, alerta o pró-reitor adjunto.
“É importante pensar que não é porque estamos elaborando uma ‘base comum’ que ela seja única e estanque”, ressalta o professor. Desse modo, quanto mais efetiva a participação dos diversos segmentos, incluindo-se aí a comunidade universitária da Ufam, mais haverá condições de serem consideradas as peculiaridades e as diversidades.  Por exemplo, na Educação do Campo, é preciso respeitar - ao elaborar o calendário anual - os períodos de cheia e vazante dos rios, considerando as longas distâncias percorridas pelos alunos

segunda-feira, 4 de julho de 2016

305 etnias e 274 línguas: estudo revela riqueza cultural entre índios no Brasil






Há mais indígenas em São Paulo do que no Pará ou no Maranhão. O número de indígenas que moram em áreas urbanas brasileiras está diminuindo, mas crescendo em aldeias e no campo. O percentual de índios que falam uma língua nativa é seis vezes maior entre os que moram em terras indígenas do que entre os que vivem em cidades.
As conclusões integram o mais detalhado estudo já feito pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) sobre os povos indígenas brasileiros, baseado no Censo de 2010 e lançado nesta semana.
Segundo o instituto, há cerca de 900 mil índios no Brasil, que se dividem entre 305 etnias e falam ao menos 274 línguas. Os dados fazem do Brasil um dos países com maior diversidade sociocultural do planeta. Em comparação, em todo o continente europeu, há cerca de 140 línguas autóctones, segundo um estudo publicado em 2011 pelo Instituto de História Europeia.
No "Caderno Temático: Populações Indígenas", o IBGE faz um mapeamento inédito sobre a localização desses povos e sua movimentação ao longo das últimas décadas.
O estudo diz que, entre 2000 e 2010, os percentuais de indígenas brasileiros que vivem nas regiões Sul e Sudeste caíram, enquanto cresceram nas outras regiões. A região Norte abriga a maior parcela de índios brasileiros (37,4%), seguida pelo Nordeste (25,5%), Centro-Oeste (16%), Sudeste (12%) e Sul (9,2%).
Entre 2000 e 2010, também caiu o percentual de indígenas que moram em áreas urbanas, movimento contrário ao do restante da população nacional.

'Retomadas'

Segundo a pesquisadora do IBGE Nilza Pereira, autora do texto que acompanha o estudo, uma das hipóteses para a redução no percentual de indígenas no Sul, Sudeste e em cidades são os movimentos de retorno a terras tradicionais.
Nas últimas décadas, intensificaram-se no país as chamadas "retomadas", quando indígenas retornam às regiões de origem e reivindicam a demarcação desses territórios. Em alguns pontos, como no Nordeste e em Mato Grosso do Sul, muitos ainda aguardam a regularização das áreas, em processos conflituosos e contestados judicialmente.
Em outros casos, indígenas podem ter retornado a terras que tiveram sua demarcação concluída. Hoje 57,7% dos índios brasileiros vivem em terras indígenas.
Outra possibilidade, segundo Pereira, é que no Sul, Sudeste e nas cidades muitas pessoas que se declaravam como indígenas tenham deixado de fazê-lo.
Ainda que sua população indígena esteja em declínio, a cidade de São Paulo ocupa o quarto lugar na lista de municípios brasileiros com mais índios, com 13 mil. Parte do grupo vive em aldeias dos povos guarani mbya nos arredores da cidade, em territórios ainda em processo de demarcação.
O ranking é encabeçado por São Gabriel da Cachoeira, no noroeste do Amazonas. O município abriga 29 mil indígenas e foi o primeiro do país a aprovar como línguas oficiais, além do português, três idiomas nativos (tukano, baniwa e nheengatu).
O estudo mostra como morar numa terra indígena influencia os indicadores socioculturais dos povos. Entre os índios que residem nessas áreas, 57,3% falam ao menos uma língua nativa, índice que cai para 9,7% entre indígenas que moram em cidades.
Mesmo no Sul, região de intensa colonização e ocupação territorial, 67,5% dos índios que vivem em terras indígenas falam uma língua nativa, número só inferior ao da região Centro-Oeste (72,4%).
A taxa de fecundidade entre mulheres que moram em terras indígenas também é significativamente maior que entre as que vivem em cidades. Em terras indígenas, há 74 crianças de 0 a 4 anos para cada 100 mulheres, enquanto nas cidades há apenas 20.
Para Nilza Pereira, do IBGE, ao mostrar detalhes sobre indígenas de diferentes pontos do país, o estudo será útil para o planejamento de políticas públicas diferenciadas para esses povos. Os dados também foram usados na elaboração de vários mapas, que compõem o "Atlas Nacional do Brasil Milton Santos".

Cultura indígena

O ativista indígena Denilson Baniwa, cofundador da Rádio Yandê, diz à BBC Brasil que o estudo ajuda a combater a falta de conhecimento sobre os povos indígenas no Brasil.
Baniwa, que mora no Rio de Janeiro e é publicitário, diz se deparar frequentemente com pessoas que acham que "o indígena ainda é aquele de 1500". Segundo o ativista, muitos questionam por que ele se considera indígena mesmo falando português ou usando o computador em seu trabalho.
"Respondo que cultura não é algo estático, que ela vai se adaptando com o tempo. E pergunto a eles por que não vestem as mesmas roupas usadas pelos portugueses em 1500, por que não falam aquele mesmo português e por que não usam computadores de 1995."
Para Baniwa, há ainda grande desconhecimento sobre as enormes diferenças culturais entre os povos indígenas brasileiros. Ele exemplifica citando dois povos de sua terra natal (a região do rio Negro, no Amazonas), os baniwa e os tukano.
"Comparar um baniwa a um tukano é como comparar um francês a um japonês. São povos com línguas, hábitos e características físicas bastantes distintas, e isso porque vivem bem próximos. Imagine a diferença entre um baniwa e um kaingang, um povo lá do Rio Grande do Sul?"
Ao mesmo tempo em que combate o preconceito contra indígenas que, como ele, moram em cidades, Baniwa afirma que cada povo deve ser livre para decidir como quer se relacionar com o resto da sociedade.
"Se um povo entender que o contato com o mundo moderno não será benéfico e que prefere ficar mais isolado em sua terra, vamos lutar para que essa decisão seja respeitada."
Portal OUL/Joao Fellet BBC Brasil