domingo, 31 de maio de 2015

Resumo Crítico - Meio ambiente e desigualdades socioeconômicas na América Latina: Lineamento para agenda de investigação (Roberto Guimarães. Ibero-Americano Institut, Berlin, 2014).




Meio ambiente e desigualdades socioeconómicas na América Latina: Lineamento para agenda de investigação (Roberto Guimarães.  Ibero-Americano Institut, Berlin, 2014).

Resumo Critico - Josenildo Santos de Souza[1]

O texto de 26 páginas é divido em subtítulos: introdução; incremento das desigualdades econômicas; incremento das desigualdades não-econômicas; padrões de consumo e incremento da brecha de equidade; desigualdade, aprofundamento da pobreza e crise ambiental; O mito (politicamente interessado) da escassez de recursos naturais; Uma agenda de investigação sobre meio ambiente e desigualdade na América Latina.
O texto de Roberto Guimarães (2014) publicado em espanhol, com o título Médio ambiente y desigualdades socioeconómicas em América Latina: Lineamento para una agenda de investigación, mostra as contribuições que se ocupam de sistematizar o estado da arte dos debates teóricos e os acercamentos metodológicos que se hão produzidos sobre a relação entre natureza e desigualdade:
 “A superação dos atuais paradigmas de desenvolvimento supõem que a crise de sustentabilidade revela o esgotamento de um estilo de desenvolvimento ecologicamente depredador, socialmente perverso, politicamente injusto e eticamente repulsivo.  Ademais, a proposta de desenvolvimento sustentável implica também o protagonismo de justiça intergerencial em um debate acadêmico e na formulação de políticas públicas. Esta postula que cada ser humano e cada geração devem ter garantido seus direitos ao patrimônio ambiental, cultural e de recursos econômicos e sociais já existentes para as gerações que nos hão precedidos” (Guimarães, 2014, p. 113) (Tradução livre do autor).
Propõe um delineamento que supere o excessivo foco de produção acadêmica atual das desigualdades socioeconômicas e sua ênfase em questões limitadas ao contexto estatal. Sua proposta de agenda de investigação se concentra em novos nexos existentes entre os desafios ambientais e aprofundamento das desigualdades sociais na América Latina. O autor explora os aspectos não econômicos da desigualdade. Nesse contexto, põe em relevo as relações de interdependência transnacionais que se manifestam nas diversas dimensões das desigualdades, incluindo a desigualdade socioambiental.
O autor aponta que devido as mudança climáticas, aumenta o risco relacionados a demanda pelo acesso a água e o aumento da população mundial. A degradação da terra pelo homem há produzido a incapacidade de produzir alimentos suficiente aumentando os conflitos sociais, vulnerabilidade socioambiental e migração em massa.
Guimarães mostra que a realidade de muitos fenômenos associados a desigualdade transcendem a escala estatal, e não só tem importância intrínseca para as ciências sociais, senão que possuem implicações imediatas para a formulação de políticas públicas adequadas. Por outra parte, uma perspectiva que tenha em conta as interdependências transnacionais oferece uma aproximação diferenciada da complexidade das relações sociais.

Uma agenda de investigação sobre meio ambiente e desigualdade na América Latina

Para alcance dos objetivos da agenda de investigação, Guimarães(2014) propõe, analisar os padrões de consumo e sua crescente hegemonização inter-regional, entre outros aspectos, pelo caráter integrador das variáveis que estão presentes nas tendências recentes em matérias de desigualdade.
Fazer uso do padrão de consumo, para Guimarães (2014), permite analisar processos contemporâneos chaves da globalização, em especial as inter-relações entre a conformação de desigualdades em os contextos nacionais e locais e o predomínio do capital financeiro especulativo não vinculado a produção e, separado da economia real.
Assim mesmo, permite identificar os atores transnacionais envolvidos nestes processos, cujas intervenções geraram consequências estruturais na geração e aprofundamento das desigualdades atuais na região.   
As analises, reflexões e comentários introdutórios elaborados por Roberto Guimarães (2014), permitiu-lhes algumas linhas de investigação sobre o nexo meio ambiente-desigualdade, tendo como ponto de partida o documento base do seminário CLASCO-CROP “Pobreza, Ambiente e Cambio Climático”. No texto o autor sugere que
 Guimarães (2014 p. 133-134), apresenta de um modo muito esquemático, áreas temáticas prioritárias como componentes para uma agenda de investigação sobre o meio ambiente e desigualdades socioeconômicas na América latina:
Atualizar e generalizar para toda a região estudos sobre padrões de consumo e sua distribuição entre distintos grupos sociais. O que se busca é precisar os aspectos estruturais do consumo na região e como ele impacta a pobreza, a distribuição do ingresso e os ativos sociais, assim como o acesso aos recursos ambientais;
Identificação dos atuais padrões de produção que se estão consolidados em nossos países, posto que ele há condicionado as possibilidades de redução da pobreza, da desigualdade e da vulnerabilidade socioambiental ante aos câmbios globais;
Estudos a respeito das implicações do Regime Internacional de Comercio e dos esquemas de integração regional para a estrutura produtiva de nossos países e para as possibilidades de políticas econômicas que privilegiem o uso dos recursos ambientais da região para a redução da pobreza e da desigualdade. Existem indícios e poucos estudos que mostrem claramente, que as regras do comercio internacional, de propriedade intelectual e de regulação econômica internacional estão condenando os países da região a uma situação ainda mais desfavoráveis de periferia e de perda de autonomia para definir projetos nacionais e includentes de desenvolvimento;
Do ponto de vista socioambiental, fazem falta estudos que busquem identificar as áreas que já se conhecem serem as mais afetadas pelo câmbios climáticos nos próximos anos e determinar a vulnerabilidade socioambiental e ambiental de suas populações;
Com vista a geração de alternativas de desenvolvimento, corresponde investigar as possibilidades reais de novos padrões de crescimento econômico e de desenvolvimento tecnológico baseados na exploração das chamadas vantagens competitivas que oferecem os serviços ambientais e da biodiversidade na maioria dos países da região. Ao que algumas economias, por exemplo, estão dirigindo a resolver um desafio energético, que é característico dos países ricos (como a situação do petróleo por biocombustível), enquanto desaproveitam todo o potencial de geração de energia por fontes não-convencionais e abundantes na região (como energia solar e eólica) deveriam ser causa de profunda preocupação, antes que jubilo;
Fortalecer os estudos que identifiquem alternativas de desenvolvimento local e comunitário que se hão logrado a dar respostas a geração de ingresso e a conservação do meio ambiente, embora a escala reduzida. Fortalecer institucionalmente e replicar tais experiências se envolve um interesse estratégico. Analisar criticamente as chamadas ações de responsabilidade socioambiental coorporativas;
Estudos críticos sobre as propostas para superar o câmbio ambiental global, tais como o comercio de carbono, para mitigar o câmbio climático, pouco analisado fora do âmbito econômico;
Estudos e análises da estrutura institucional existente e os câmbios necessários que esta requer, para poder enfrentar o crescimento da pobreza e das desigualdades aprofundadas pela crescente vulnerabilidade ante as mudanças ambientais globais. (Guimarães, 2014, p. 133-134).
Roberto Guimarães, aponta que o “fracasso em promover um enforque geral e políticas especificas de desenvolvimento sustentável só podem conduzir a perpetuação da encruzilhada atual da pobreza, da desigualdade e da degradação ambiental” (Guimarães, 2014, p. 135) que mais cedo ou mais tarde todos pagaremos o preço da irresponsabilidade social e ambiental. O recrudescimento da violência e do terrorismo mostra e representa a ponta visível do iceberg do naufrago da globalização.
 
Referência:   
GUIMARÃES, Roberto P. Medio ambiebte y desigualdades socioeconómicas em América Latina:  Lineamento para agenda de investigación.  Pág. 113- 138. In: GOBEL, Barbara; GÓNFORA-MERA, Manuel; ULLOA, Astrid. Desigualdades socioambientales em América Latina.  Primeira edición.  Universidad Nacional de Colômbia, 2014; Ibero-Americano Institut, Berlin, 2014.


[1] Para citação da fonte: SOUZA, J.S. Graduado em Filosofia, especialista em Ética (UFAM) e Mestre em Estudos Amazônicos (UNAL) – Linha de Investigação: Desenvolvimento Regional Amazônico.  

terça-feira, 12 de maio de 2015

I Seminário de Educação do Campo no Alto Solimões promovido pelo OBECAS.



O Programa Observatório da Educação do Campo no Alto Solimões/AM - OBECAS, desenvolve ações de extensão e pesquisa desde 2014, envolvendo diagnóstico de escolas e comunidades da área rural/ribeirinha, com vistas ao atendimento de processos de formação de professores do campo. O programa tem sede no Instituto de Natureza e Cultura – INC/UFAM, em Benjamin Constant, com integrantes das áreas de Pedagogia, Ciências Agrárias e do Ambiente, Letras e Ciências: Biologia e Química.
 

Nesse ano de 2015, o programa realizará o I Seminário da Educação do Campo no Alto Solimões/AM e II Formação Continuada de Educadores do Campo, no período de 17 a 20 de junho no Instituto de Natureza e Cultura - INC/UFAM. Tem como objetivo, além de propiciar discussões e reflexões que visem a implementação da nova política da educação do campo, também consolidar um espaço efetivamente coletivo, capaz de ampliar o debate teórico e viabilizar novas práticas e pesquisas nos diferentes espaços de educação formal e não formal no campo, explica a coordenação do evento. 

A coordenadora do Observatório, Professora MSc. Jarliane Ferreira informa que "estamos realizando este evento também para socializar as experiências obtidas por meio das ações de diagnóstico participativo desenvolvido em comunidades ribeirinhas do Alto Solimões, e do processo formativo com professores que atuam em turmas multisseriadas no campo".



O evento visa articular diferentes instituições de ensino, pesquisa e extensão, em um significa de fortalecimento e compromisso com a investigação e proposição de caminhos a serem assumidos coletivamente entorno da educação do campo, sobretudo na região do Alto Solimões em que os indicadores sociais são preocupantes, diz a Coordenadora do Seminário.